Diversão e Arte

Caixa com oito discos e um DVD destaca a fase mais criativa de Tim Maia

José Carlos Vieira
postado em 24/12/2010 07:40

Tim Maia: black music virou MPB;Vou pedir pra você ficar/ Vou pedir prá você voltar/ Eu te amo/ Eu te quero bem.; Esse foi o último refrão cantado por Sebastião Rodrigues Maia, Tim Maia, antes de deixar o palco, numa passagem de som, e seguir direto para um hospital em Niterói (RJ), onde morreu, aos 55 anos, em 15 de março de 1998, em decorrência de uma infecção generalizada. ;O peso de Tim Maia na música brasileira é proporcional ao seu peso real. Com aquele vozeirão, ele abriu uma fresta de originalidade na nossa música ao misturar grooves, gospel, soul e blues. Além de um grande compositor, uniu-se a nomes como Nelson Motta;, destaca o musicólogo Ricardo Cravo Albin. ;Tim fez uma bela trajetória na música do século 20. Uma vida que se foi prematuramente;, lamenta. Amigo de Jorge Ben, Roberto e Erasmo Carlos (também tijucano e parceiro de aventuras pelos subúrbios cariocas), Tim Maia lança seu primeiro long play em 1970. Destaque para Coroné Antonio Bento (Luiz Wanderley e João do Vale), um baião acelerado, e as dançantes (aquelas pra ficar bem coladinho) Azul da cor do mar e Primavera (Cassiano e Silvio Rochael). [SAIBAMAIS]Um ano depois, Tim já se consolida como novo ícone da música popular brasileira. Os sucessos da vez são A festa de Santo Reis (Marcio Leonardo), Não quero dinheiro, Não vou ficar, Você, que traz um gostinho de Jovem Guarda, e a bossanovista Preciso aprender a ser só (Marcos e Paulo Sérgio Valle). Desde então, está em lugar privilegiado nas paradas de sucesso e nas prateleiras das lojas de disco. Marmitas

Para satisfação dos fãs e colecionadores, a gravadora Universal acaba de lançar uma caixa dedicada à fase mais profícua do cantor, que na adolescência entregava marmitas (sempre desfalcadas de um bife, um ovo ou uma batata frita, que ele devorava antes de oferecer ao freguês) e jogava bola com Erasmo nas ruas da Tijuca. São oito CDs do período de 1971 a 1984, todos com a capa original, além de um DVD gravado durante um show realizado em 1989 (leia crítica na página 3). Perfeccionista, genioso, reclamava dos agudos, reclamava dos graves; foi apelidado de o Síndico da MPB. Graças a Tim, a música pop norte-americana, ao passar pela alfândega brasileira, foi bronzeada com o estilo e a classe de Sebastião; Tião; Tim, que flertou também com a bossa nova, a Jovem Guarda e até com o forró. Irreverente diante das câmaras, gostava de repetir aos jornalistas: ;Não fumo, não bebo e não cheiro. Meu único defeito é que minto um pouco;. Nas noites de Brasília, o Síndico continua sempre presente no set list das bandas covers. ;Tim Maia é pedida obrigatória em nossas apresentações. No auge do show tem que rolar Tim e Legião Urbana, a plateia sempre canta junto;, constata Paulo Delegado, líder da banda Soñadora, há oito anos na estrada.

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