Diversão e Arte

William Alves planeja oferecer suas produções até por meio de ambulantes

postado em 03/01/2011 08:14
O documentário brasiliense Filme pirata, longa de William Alves, terá iniciativa de lançamento parecida com a de Terra deu, terra come, de usar cineclubespara a divulgação. A obra do cineasta brasiliense investiga os impactos do transporte público alternativo no Distrito Federal por meio de entrevistas com passageiros, motoristas e cobradores de vans. O filme levou quatro anos para ser concluído e, no momento, está em fase de lançamento. Durante esse período, o transporte no DF feito por meio de vans foi substituído por microônibus. Um lançamento um pouco mais convencional estava previsto com a exibição durante a Mostra Brasília do 43º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro. Porém, o transfer para 35mm não foi concluído a tempo e a projeção não aconteceu. Cena de Filme pirata: a história das vans como meio de transporte alternativo em BrasíliaO filme será lançado em festivais e circuito alternativo de Cineclubes nesse ano, mas já está disponível na internet. O site www.filmepirata.net foi criado exclusivamente para a exibição do documentário. Além de assistir o filme na íntegra, o usuário pode baixar a obra gratuitamente em formatos de alta e baixa definição e postar comentários. Para Alves, a forma de lançamento dialoga plenamente com o tema do filme. "É um circuito que privilegia esse formato, principalmente se levarmos em conta que o documentário propicia uma discussão mais fundamentada sobre a realidade. No circuito alternativo, principalmente os cineclubes normalmente existem discussões após as exibições", compara o diretor. Um método para somar o número de downloads e visualizações está sendo estudada pelo administrador do site. Alves estuda a criação de um selo chamado Pirata Legal, em que o filme seria distribuído legalmente pelo mercado informal, inspirado no mercado da Nigéria, o terceiro maior do mundo (leia abaixo). "Acho muito difícil esse circuito dar algum retorno financeiro direto para quem distribui ou realiza filmes. Por outro lado, esse circuito cria uma demanda espontânea por filmes desse tipo que podem ser vendidos em feiras e ambulantes em geral. Acredito que possa haver o retorno para o realizador no mercado informal de cinema. Esse mercado é grande e movimenta muito dinheiro. Nossa ideia é distribuir (DVDs) junto aos ambulantes. Nossa carteira de filmes já nos garante três longas, dois médias e 24 curtas, todos de parceiros envolvidos no projeto de distribuição. Imagine se a procura cresce", comenta Alves. Nollywood, a terceira potência [SAIBAMAIS]Por causa da violência durante a década de 1980, os espectadores nigerianos acabaram se afastando das salas de cinema convencionais. Ao mesmo tempo o mercado de vídeo doméstico foi estimulado pela elite local. Na década seguinte, a teledramaturgia nacional foi interrompida e substituída por novelas mexicanas causando o desemprego de atores e profissionais nigerianos. Até que o produtor nigeriano Kenneth Nnebue teve a ideia de produzir e distribuir a série Living in Bondage, um sucesso comercial com a venda de cerca de 200 mil cópias VHS. A pratica se tornou comum. Por lá, os filmes são produzidos com tecnologia muito barata e a venda é feita em camelôs. A ilegalidade complica a compilação de dados estatísticos. Mesmo assim estima-se que sejam produzidos 1,2 mil filmes por ano e o faturamento gire em torno dos US$ 200 milhões. Os números deixam o mercado nigeriano em terceiro lugar no mundo. Por isso, foi cunhado o termo Nollywood em alusão aos outros dois primeiros colocados Hollywood (nos Estados Unidos) e Bollywood (na Índia). Diante dos números assombrosos, o governo local finalmente teve a ideia de incentivar a produção local. Porém, até agora, as iniciativas governamentais apenas imitaram os padrões estabelecidos pela indústria norte-americana.

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação