postado em 04/01/2011 09:59
As personagens de Tânia Alves são superlativas. Desde 1982, quando ficou conhecida por viver a cangaceira Maria Bonita na minissérie Lampião e Maria Bonita, da Globo, a atriz carioca de 57 anos coleciona papéis fortes nas produções da emissora, entre heroínas, prostitutas e mulheres do interior, na maioria nordestinas. Mas agora, na pele da prendada dona de casa Pérola, de Araguaia, ela se empolga com a chance de exercitar um lado completamente diferente, justamente pela simplicidade da personagem. ;É engraçado, porque só faço personagem esquisita. Ou é uma pessoa do interior que fala errado, uma prostituta ou qualquer personagem estranha. Perguntava-me por que não fazia uma dona de casa normal. Aí veio a Pérola;, diverte-se. Na novela das seis da Globo, Pérola é a mãe das três joias do Araguaia, Safira (Cinara Leal), Ametista (Nanda Lisboa) e Raquel Villar. A história da personagem ganhou fôlego recentemente, quando ela descobriu estar grávida. ;Por ser uma gravidez em uma idade avançada, fiquei surpresa quando li o texto. Mas é uma alegria trabalhar isso;, conta Tânia.Pérola começou a novela com menos destaque e vem crescendo na trama, principalmente após descobrir que está grávida. Como avalia os rumos da personagem?
Achei ótima essa gravidez porque criou vários conflitos. Pérola é de uma família feliz, bem resolvida. Isso foi bom porque deu uma movimentada na história. Ficava tudo paradinho, muito calmo, e as tramas eram mais focadas nas três joias. Agora as coisas acontecem diretamente com ela. Não só com relação à gravidez, mas também sobre a paternidade da filha mais velha, por exemplo. Esses conflitos tornam a personagem mais complexa e mais interessante. Quando li o texto falando sobre a gravidez, fiquei felizmente surpresa.
O que a levou a aceitar o convite para Araguaia?
Adoro novelas e gostaria de fazer mais, só que minha vida é meio múltipla. Tenho várias funções. Sempre que aconteceram convites para papéis ótimos, assim como a Pérola, dei um jeito de conciliar. Adorei a personagem. É interessante porque sempre achei a dona de casa uma figura injustiçada, menosprezada pela sociedade. Se ela não lavar roupa, fizer a comida e cuidar das coisas para a família, tudo fica mais difícil. Acho até que deveria ser remunerada pelo Estado (risos).
Suas personagens na tevê costumam ser fortes. O que mudou ao viver uma dona de casa?
Antes de surgir o convite para Araguaia, pensei algumas vezes: ;Engraçado, só faço personagem esquisita;. Ou é uma pessoa do interior que fala errado, uma prostituta, ou qualquer personagem estranha. Perguntava-me por que não fazia uma dona de casa normal. Aí veio uma. E a experiência tem sido maravilhosa. Mas não reclamo dos outros trabalhos. Se tem coisa esquisita, pode chamar a Tânia. É divertidíssimo. O grande barato de ser ator é brincar. Por isso a gente é meio infantil até o resto da vida. A possibilidade de poder ser qualquer pessoa do universo é maravilhosa.
Sua imagem ainda hoje é associada à mulher nordestina. Isso incomoda ou chega a atrapalhar sua carreira?
Todo mundo acha que sou nordestina, mas sou carioca de Copacabana. Na verdade, comecei em um grupo de teatro musical nordestino. Os diretores de televisão iam assistir, sentiam que eu conhecia bem aquela cultura e me chamavam para trabalhar. Não sei se isso já me atrapalhou para pegar outro trabalho. Existe essa história de rótulo, mas vejo mais pelo lado positivo do que negativo. Não é algo do tipo ;ela não consegue fazer outra coisa;, e sim ;ela é uma das poucas que sabem fazer isso direito;. Um dia gostaria de fazer uma mulher superurbana. Ainda quero interpretar uma vilã, bem ruim mesmo. Mas tento ver essa coisa do nordestino mais como um elogio. Algo como ;ali não tem erro;.
Além de atriz, você se divide entre as carreiras de cantora e empresária. Como define suas prioridades?
Prioridade é mais em termos de agenda. Em relação aos shows, negocio com a produção uma liberação. Mas não é comum. Coloquei bem claro que, neste momento, a novela é prioridade. Como sou dona do meu negócio, dois spas no Rio de Janeiro, dá para conciliar numa boa. A prioridade não é de importância porque, para mim, tudo que faço é muito importante. Só tenho prioridades. O spa corre paralelo com a minha carreira artística, da qual não posso abrir mão porque seria suicídio. O ator, quando fica muito tempo sem interpretar, começa a inventar coisas. É meio doido.