postado em 13/01/2011 08:00

Com vestido florido turquesa curto, ela entrou cantando o sucesso Just friends. Enrolou a letra, desequilibrou-se várias vezes em frente ao microfone e tentou acompanhar, de forma desengonçada, as dancinhas dos dois backing vocals. O cenário estava mesmo montado. Amy continuaria o show de qualquer maneira. Fosse pela voz emocionante ou pelas gafes que comete pelo excesso de bebida.
Na terceira apresentação que fez no Brasil (na segunda-feira, ela cantou no mesmo local e, no sábado, estreou a turnê brasileira em Florianópolis), Amy estava bem mais solta e simpática. Brincou com a plateia, deu tchauzinho para quem estava na primeira fila, pulou de um lado para o outro do palco, tentou dar um beijo na boca de um dos backing vocals, dançou o tempo todo e fez charme para a câmera ao cantar o verso ;pelo menos não estou bebendo;, de Wake up alone. Rapidamente, conquistou o público, que aplaudia e gritava sempre que ela interpretava alguma música do Back to black, o CD que a fez famosa.
O entusiasmo do público carioca estava contagiando a cantora. O clima tenso só voltou quando Amy deixou o palco. ;Ela vai voltar?;, as pessoas se perguntavam enquanto o backing vocal tentava animar a plateia. Ela chegou a tropeçar na caixa de som e a jogar um copo de água no chão ao sair. Ficou uma hora e 20 minutos no palco, mudou o set list no meio do show e não deixou de fora um sucesso do último CD.
Muitas vezes, Amy não cantou as letras inteiras das músicas e chegou a parar no meio de uma canção ou outra. Algumas pessoas saíram no meio da apresentação, por conta dessas confusões. No fim, entretanto, a maioria do público parecia satisfeita por ter visto um pouquinho da genialidade da cantora. Mas ficou no ar a pergunta: O quão fantástico seria um show de Amy Winehouse se ela conseguisse se apresentar em sua capacidade completa?
Furacão Janelle
A combinação Amy Winehouse e Janelle Monáe foi perfeita. Os shows das duas levaram o público aos anos 1960, quando as bandas de mulheres negras começaram a frequentar os programas de auditório norte-americanos. As roupas das duas cantoras combinavam com as dos músicos. No palco, todos estavam coreografados e elas nem precisavam de efeitos pirotécnicos, telões de alta definição, tampouco de dançarinas, apesar de Janelle incluí-las em sua apresentação.
Janelle contagiou pela energia que colocava no palco. Quando acabou a apresentação, seu topete estava completamente desmontado. Impossível não comparar os movimentos do seu corpo com os de Michael Jackson ; ela chegou a fazer o moon walk no palco. Janelle foi um furacão. Quando foi experimental demais, arrancou risos do público ; especialmente no momento em que começou a pintar um quadro no palco. O ponto alto da apresentação foi quando ela cantou serenamente a música Smile, de Charles Chaplin. Arrancando suspiros da plateia, ela deixou, no mínimo, as pessoas intrigadas para conhecer o seu CD, considerado um dos melhores de 2010.