Diversão e Arte

Cotado para reassumir a Funarte, Grassi quer fortalecer a fundação

postado em 21/01/2011 08:00
Desde que assumiu o cargo de ministra da Cultura, em uma cerimônia animada, em 3 de janeiro, Ana de Hollanda vem optando pela discrição. Sua primeira agenda pública foi no último dia 10, quando visitou o Complexo do Alemão, acompanhada do vice-governador do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão, e da secretária estadual da pasta, Adriana Rattes. Ainda na semana passada, esteve na cidade de Goiás Velho, que sofreu com a possibilidade de mais uma enxurrada. Enquanto se divide entre a Esplanada dos Ministérios e o Palácio Gustavo Capanema, que abriga o ministério na capital fluminense, a ministra toma pé da situação cultural do país. Agendas externas são minoria. Ana de Hollanda passa boa parte do tempo em despachos internos, encontros políticos, como o que teve na última quarta-feira com o ministro da Educação, Fernando Haddad, ou em conversas com a classe artística. Nos últimos dias, a agenda da chefe da pasta revelou um encontro com Margareth Menezes. Seria a cantora baiana? Por enquanto, não há como saber. Não há entrevistas previstas para os próximos dias. ;A ministra vem tentando fazer um trabalho muito importante, uma imersão para conhecer melhor os programas da pasta e os trâmites do que já está em andamento;, adianta o ator Antônio Grassi, que, salvo alguma hecatombe, assumirá novamente o comando da Fundação Nacional das Artes (Funarte). Ele confirma que o convite foi feito, e aceito, mas ainda não há data para assumir o cargo. ;Isso será definido com a ministra na semana que vem;, revela. A empreitada não é exatamente nova na carreira desse ator mineiro, presença constante na televisão, atualmente no elenco da novela Ribeirão do Tempo, da Record. Entre 2003 e 2007, ele ocupou a mesma função, até ser demitido pelo então ministro da Cultura, Gilberto Gil. Mesmo experiente na gestão de políticas culturais, Grassi anda investindo tempo para estudar o órgão que assumirá, e traçar um mapeamento das ações culturais de todo o Executivo. Em sua análise preliminar, Grassi detectou que será preciso fortalecer alguns setores do órgão que vai comandar. ;Há total carência na estrutura. Não existe, por exemplo, uma gerência que cuide da gestão, da manutenção do dia a dia nos equipamentos culturais. Isso não é culpa de nenhum dirigente, é um problema de estrutura;, ressalta, apontando que aumentar o corpo de funcionários também será medida de primeira necessidade. Outra palavra de ordem em seu vocabulário é seguir a diretriz desenhada pela ministra em seu discurso de posse: fomentar a criação, olhando com mais atenção para o artista brasileiro. TRÊS PERGUNTAS-ANTÔNIO GRASSI Atualmente, há editais independentes no Ministério da Cultura e na Funarte. O senhor vai lutar para unificá-los? Essa é uma ação que envolve todo o ministério. Serão necessárias conversas em todas as áreas para debater de que maneira cada uma delas será mais valorizada, principalmente no que diz respeito à atuação junto aos editais e aos programas da pasta. Mas os editais que foram lançados serão cumpridos, serão pagos. A Funarte está enfraquecida? A Fundação viveu momentos de oscilação em toda a sua história, até porque é anterior ao Ministério da Cultura. Já viveu fases de ascensão e importância, quando era formuladora das ações. E também enfrentou fases de decadência. No governo Fernando Henrique Cardoso, por exemplo, quando criaram as secretárias temáticas, de música, artes cênicas, patrimônio, ela foi esvaziada. Foi uma Funarte muito esvaziada que encontramos quando entramos, no início do primeiro governo Lula. Existem ainda as contradições. Às vezes, por atuar na frente dos refletores, ela pode aparecer mais do que o ministério, e isso provoca ciúmes. Como mudar isso? Estamos vivendo um outro momento, muito favorável, já que a própria ministra é uma ;funartiana;, trabalhou na fundação na gestão anterior. Ela tem conhecimento de como essa distância do ministério dificulta as ações da Funarte. Pretendemos ampliar a presença do órgão em outros estados, principalmente onde houver representação do ministério. Uma das ideias é aproximar a Funarte do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), que tem representações no país inteiro.

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