Diversão e Arte

Ministra da Cultura faz primeira aparição pública em Brasília

Ana Hollanda reforça a ideia de atrelar ações à educação e ao PAC

postado em 22/01/2011 08:00
Ana Hollanda reforça a ideia de atrelar ações à educação e ao PACAntes de ocupar o cargo máximo da cultura no país, a ministra Ana de Hollanda foi vice-presidente do Museu da Imagem e do Som (MIS), do Rio de Janeiro. Na última quinta-feira, ela escolheu o aniversário de dois anos do Instituto Brasileiro de Museus (Ibram), autarquia ligada à pasta que comanda, para sua primeira aparição pública em Brasília. Usando um vestindo cinza, meia-calça preta e lenço em tons rosados, ela chegou acompanhada de assessores e optou, mais uma vez, pela discrição. Ao ouvir que seria a estrela da festa, devolveu a gentileza: ;As estrelas são os museólogos e museólogas. Eu vim aqui para aplaudir;, decretou.

Na hora de se manifestar, Ana de Hollanda admitiu certa tensão com a possibilidade de esquecer trechos do discurso e preferiu ler a fala previamente preparada. ;O governo Lula deu nova relevância a museus e estudos museológicos. Outros passos previstos são botar em prática o Plano Setorial de Museus, modernizar as entidades, com verba do programa Museu ; Memória e Cidadania, e investir em unidades que ficam nas cidades que sediarão a Copa do Mundo e as Olimpíadas;, afirmou. Durante a cerimônia, ela aproveitou para anunciar a permanência de José do Nascimento Jr., presidente do Ibram. Ontem, revelou à imprensa a nova estrutura do MinC e os nomes do secretariado. No intervalo, reservou alguns minutos para entrevista ao Correio.

ENTREVISTA ANA DE HOLLANDA
No discurso de posse, a senhora fala em aproximar a cultura da educação e do desenvolvimento do país como um todo, a exemplo do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Como pretende fazer isso?
Essa, inclusive, foi a pauta da reunião de hoje de manhã. Ontem, estava com reunião marcada com o ministro Fernando Haddad. Acabou sendo adiada, porque ele foi chamado pela presidenta. Mas estou com uma pauta enorme de aproximação. A cultura precisa da educação. Nas crianças, estão o futuro, e elas serão não só criadoras, mas consumidoras de cultura. Elas é que vão viver, então é importante tocar nessas crianças. Para a educação, também é importante que a cultura chegue lá, porque a cultura vai ajudar a ampliar visões e isso se reflete na formação dessas crianças. Eu e Haddad temos conversado muito sobre as formas de aproximação. Já fomos um ministério só, mas agora somos dois, que se completam. Quanto às obras do PAC, conversamos na reunião ministerial sobre as várias formas de fazer isso. A cultura vai coordenar as praças do PAC, que são espaços em lugares já definidos pela gestão anterior, com bibliotecas, áreas de lazer, quadras de esportes, atendimento social. Um espaço múltiplo coordenado pela cultura, que crie um trabalho de continuidade. Não é só a construção do espaço, mas a permanência das atividades.

Qual será sua maior batalha à frente do Ministério da Cultura?
É difícil falar. Claro, temos dificuldade de orçamento, que é uma dificuldade que todos os ministérios têm. Mas estamos buscando outras formas que se completem, por exemplo: os financiamentos do Fundo Nacional de Cultura, patrocínios e outros ministérios. Participando, a gente pode dividir. Há uma dificuldade normal, que sempre existiu. Todos os ministérios se queixam um pouco das restrições de orçamento, mas, por enquanto, estou vendo isso com otimismo. É uma dificuldade que dá para se completar. A ideia de integrar os ministérios mais, em vez de cada um ficar focado só no seu trabalho, otimiza mais o uso da verba pública.

O que será feito, efetivamente, em relação a museus em cidades-sede da Copa e das Olimpíadas?
Os museus estão se organizando nesse sentido para atividades ao público que virá conhecer o Brasil. Esporte tem muito a ver com cultura. Quem chega aqui vai querer conhecer a história deste povo. É nessa hora que o museu tem que se preparar para um público que está crescendo.

Há uma avaliação de danos ao Ibram e a outros órgãos vinculados diante da tragédia na região serrana do Rio de Janeiro?

Na área do Iphan, alguns parques foram atingidos, mas estamos tentando chegar, ainda não temos acesso. Ainda não sabemos o tamanho do dano no paisagismo dos museus. O acesso ainda está impossível.

A estrutura do MinC
Secretário-executivo do ministério: Vitor Ortiz

Secretario de Articulação Institucional: Roberto Peixe

Secretária do Audiovisual: Ana Paula Santana

Secretária da Cidadania e da Diversidade Cultural: Marta Porto

Secretária da Economia Criativa: Cláudia Leitão

Secretário de Fomento e Incentivo à Cultura: Henilton Menezes

Secretário de Políticas Culturais: Sérgio Mamberti

Diretor-geral da Agência Nacional de Cinema: Manoel Rangel

Presidente da Fundação Biblioteca Nacional: Galeno Amorim

Presidente da Fundação Casa de Rui Barbosa: Emir Sader

Presidente da Fundação Cultural Palmares: Eloi Ferreira

Presidente da Fundação Nacional das Artes: Antonio Grassi

Presidente do Instituto Brasileiro de Museus: José do Nascimento Jr.

Presidente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional: Luiz Fernando de Almeida

Força à economia criativa

O Ministério da Cultura (MinC) cria a Secretaria de Economia Criativa, ocupada pela socióloga cearense Cláudia Leitão, no novo organograma do MinC, que foi divulgado ontem pela ministra Ana de Hollanda. A pasta tem tudo a ver com a estratégia de atrelar a cultura ao crescimento econômico do país, com geração de empregos e expansão da indústria de entretenimento, um dos setores mais rentáveis do mundo. ;Não é possível ignorar, neste início do século 21, a importância da economia da cultura para a construção de uma nação desenvolvida. Por isso, decidimos criar uma estrutura que possa pensar todas as potencialidades dessa área no Brasil;, observa Ana de Hollanda.

O termo economia criativa é usado para caracterizar o crescimento e o desenvolvimento atrelado ao setor cultural, com empregos diretos e indiretos. Nas gestões Gilberto Gil e Juca Ferreira, foi bastante utilizado nas discussões sobre política cultural.

Surgiu também a Secretaria da Cidadania e da Diversidade Cultural, resultado da unificação das atuais Secretaria de Cidadania Cultural e Secretaria da Identidade e Diversidade.

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