Diversão e Arte

Norma Bonilla expõe obras realizadas com técnicas e materiais milenares

postado em 25/01/2011 07:20
Exposição da uruguaia vai até 11 de fevereiro no Espaço ChatôIncas, nazcas, marajoaras e outros povos indígenas ou foram completamente suprimidos pelo urbanismo colonizador ou relegados a pequenas porções de terra, nas quais tentam preservar tradições milenares. No Espaço Chatô, de hoje a 11 de fevereiro, a uruguaia Norma Bonilla exibe duas esculturas e oito murais que preservam técnicas e materiais utilizados há centenas de anos por culturas indígenas, na exposição Murais ; Uma expressão latino-americana. Para a artista, que vive no Brasil desde 1979, é possível fazer arte contemporânea com respeito aos nativos que habitavam o continente antes da chegada dos europeus. ;A mostra deixa bem claro que as técnicas milenares de povos da América Latina, do Brasil ao México, são nossas técnicas, e que podemos fazer arte figurativista, cubista ou de qualquer tipo com elas. Com argila você pode fazer arte surrealista, por exemplo;, afirma.

Norma, 69 anos, mora em Brasília desde 2003, após décadas em Florianópolis (SC), e é totalmente adepta da arte primitiva. ;Sou jurássica;, brinca. Em seus murais e esculturas de cerâmica, utiliza argila, madeira, metal e, quando o tempo permite, bronze, cobre e outros elementos. A sensibilidade, adquirida durante anos de palestras, exposições e oficinas dedicadas ao ensino e à aplicação de antigas tradições, é acompanhada de um espírito solidário.

Ela acredita que a arte é uma atividade terapêutica e edificante. ;A arte com cerâmica, por exemplo, ajuda a melhorar a saúde de uma pessoa, assim como a música e a escrita. Quando você mexe com barro ou pinta, você trabalha seu corpo emocional, desvia sua mente das obrigações. É uma terapia;, explica. ;Há 50 anos que faço arte. E gente dizia pra mim que meus murais e pinturas eram curativos. Eu faço com amor, coloco cores que alegram a vida: como o verde, para a cura, e o vermelho, que dá ânimo;, continua.

Arte comunitária

A artista transferiu-se para o país a convite do governo brasileiro, para disseminar o uso de técnicas tradicionais indígenas. O interesse por culturas nativas a impulsionou a ingressar no ensino superior. Especializou-se em antropologia da arte, ainda no Uruguai. ;No início, fazia réplicas de peças de museu, e depois obras com desenho moderno, mas com influências indígenas. Quando cheguei ao Brasil, com 29, 30 anos, não queriam que eu voltasse para o Uruguai;, diz.

Nos anos 1980, Norma começou a compartilhar seu conhecimento em oficinas e palestras, especialmente voltadas às mulheres. Segundo ela, o maior triunfo de sua carreira. ;Espero que quando as pessoas saiam das oficinas, tenham vida. Essa é minha tarefa. Não gosto dessa coisa de aparecer. Há milhares de pessoas que aprenderam comigo. É o mínimo que posso fazer, ajudar as pessoas. Ensinava um ofício, não apenas com cerâmica, mas com mural, coisas ligadas ao artesanato, à técnica têxtil, à marcenaria, à carpintaria;, conta.

MURAIS ; UMA EXPRESSÃO LATINO-AMERICANA

Exposição de Norma Bonilla. Aberta para visitação até 11 de fevereiro, de segunda a sexta, das 10h às 18h, no Espaço Chatô (sede do Correio, SIG Q. 2 Lt. 340).

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