Diversão e Arte

Trajetória dos Beatles é narrada pelo desenhista francês Hervé Bourhis

postado em 06/02/2011 02:45

Em 1987, quando completou 14 anos, o quadrinhista francês Hervé Bourhis ganhou da mãe um livrinho sobre os Beatles no formato de um compacto de vinil. Começava ali sua obsessão pela banda de Liverpool. Vinte e três anos depois, ele publicou sua própria obra sobre a trajetória de Paul, George, John e Ringo. E, claro, como um compacto de vinil.

Lançado em 2010 na França, O pequeno livro dos Beatles acaba de sair em edição nacional pela Conrad, a mesma editora que apresentou o autor aos brasileiros no ano passado, com a publicação de O pequeno livro do rock ; no qual Bourhis faz uma viagem pelos mais de 50 anos do gênero musical, passando por episódios, personagens e discos clássicos.

Em O pequeno livro dos Beatles, ele segue caminho parecido ao do livro anterior, com datas, acontecimentos e curiosidades sobre a banda, desde o nascimento dos integrantes até os mais recentes trabalhos musicais. O clima é de almanaque, com cada página repleta de informações ilustradas.

O trunfo do desenhista é não se restringir a simplesmente apresentar a história dos Beatles como ela ficou conhecida. Bourhis a toma para si e a reconta à sua maneira, respeitando dados históricos, mas sem deixar de expressar opinião sobre a discografia do quarteto e de seus respectivos discos solos. E levando-se em consideração que o grupo britânico tem incontáveis livros a seu respeito, isso faz toda a diferença. O francês cria intimidade entre o tema, o leitor e o autor.O PEQUENO LIVRO DOS BEATLES
De Hervé Bourhis;
164 páginas;
Editora Conrad;
R$ 44,90

A trajetória da banda é narrada em ordem cronológica. Sendo assim, a primeira página começa em 1940, nascimento de John Winston Lennon e de Richard Henry Parkin Starkey Jr. (o nosso querido Ringo). Outros dados interessantes e curiosos vão surgindo, como, por exemplo, a população de Liverpool (900 mil habitantes, a quinta maior cidade da Inglaterra) quando nasceram os Beatles mais velhos. Ou que, em 1956, foi lançado o primeiro rock de um artista inglês: Rock with the caveman, do cantor Tommy Steele.

Mais para frente, o autor inicia a série ;Se gostou, ouça;, apresentando artistas que influenciaram os Beatles nos primeiros anos (Chucky Berry, Buddy Holly, Little Richard, Barrett Strong e Marvelettes são alguns deles), ao longo da carreira (Bob Dyaln, Ravi Shankar;), ótimas bandas da mesma geração do quarteto (Byrds, Beach Boys, Kinks e Zombies) e ainda quem foi influenciado pelos rapazes de Liverpool e deixa isso bem claro em suas músicas (caso de The Las, Supergrass, Elliott Smith, entre outros lembrados por Bourhis).

As curiosidades vão desde a origem do penteado beatle (cujo modelo é o ator Jean-Claude Brialy, no filme de 1959 Nas garras do vício, de Claude Chabrol) até os motivos da bancarrota da Apple (empresa criada pelos músicos) nos anos 1970, cujo investimento se esvaiu nas maluquices eletrônicas de Magic Alex, amigo dos Beatles.

Preferências

O autor não poupa palavras para dizer que o disco Sgt Pepper;s Lonely Hearts Club Band (1967) é um baita disco, mas, segundo ele, não é tudo o que dizem por aí: ;Ao fim e ao cabo, um álbum apaixonante, às vezes mágico, que a falta de espontaneidade torna, porém, um tanto gélido e intimidante;. Ou que 25% do repertório do Álbum branco (1968) são dispensáveis. Polêmicas à parte, o livro é, como dito antes, a visão de um fã dos Beatles.

E se cada um tem um disco favorito da banda, em outros aspectos é mais fácil de concordar com o autor. A discografia solo de cada um dos Beatles é feita de altos e baixos e, especialmente nos anos 1980, de baixos constantes (por vezes, constrangedores) e Bourhis deixa claro a sua insatisfação com eles, sem condescendência.

As ilustrações são todas feitas em cima de fotos famosas da banda, mas passam longe de uma cópia, principalmente porque os desenhos exalam personalidade e vida. Mas uma coisa precisa ser esclarecida: O pequeno livro dos Beatles não é uma história em quadrinhos, como está anunciado na contracapa. Afinal de contas, não há aqui narrativa gráfica sequencial. Isso não torna o livro menos divertido e interessante. Pelo contrário, é uma publicação recomendada para novos e velhos fãs dos quatro rapazes de Liverpool.

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