Diversão e Arte

Ponto de vista: programa Amor & sexo tem menos amor e mais sexo

Mauro Trindade
postado em 08/02/2011 08:45
Nova temporada de Amor & sexo (que teve Cléo Pires na estreia) é mais picante, mas a atração continua contidaFaltou à primeira temporada de Amor & sexo um pouco mais de malícia. E na estreia da segunda temporada ; na última terça-feira, na Globo ; o programa ficou com uma certa cara de encontro no sofá da casa da namorada, com os pais sentados ao lado. Sem participar. Desta vez, o diretor Ricardo Waddington apimentou a atração com mais perguntas e quadros que tratam explicitamente de sexo.

Amor & sexo tem menos amor e mais sexo. Ou melhor, práticas sexuais. Como se as mulheres gostam ou não de sexo anal, se o 69 é mais prazeroso que o sexo oral feito separadamente por cada parceiro e outras perguntas do mesmo teor. No mundo do espetáculo, qualquer coisa pode ser espetacularizada, mesmo essa curiosidade inocente de saber mais a respeito desses assuntos pretensamente íntimos. Entretanto, mesmo com esses temas, o programa continua sendo tão sexy quanto uma receita de lagarto assado com batatas coradas. Nada chega a ser realmente excitante. O que é muito estranho, especialmente em um programa de estreia que, além da lindíssima apresentadora Fernanda Lima, ainda contou com Cléo Pires e Malvino Salvador, dois símbolos sexuais da televisão brasileira.

O problema parece estar na edição de um programa que não se permite ser ao vivo. Cléo Pires demonstrava querer conversar com muito mais desinibição a respeito de sexo anal mas, se chegou a dizer alguma coisa, ficou fora do ar. Caso idêntico ao de uma entrevistada no auditório. Nem mesmo as tiradas de Léo Jaime pareciam ir a fundo.

É complicado fazer um programa que se pretende democrático e esclarecedor a respeito de sexo, desejo e sentimentos quando ele é reprimido por uma edição que sugere até onde ele pode ir. O formato amarrado da apresentadora que decide o que acontece e deixa de acontecer no palco recalca as fantasias. Um bom exemplo foi a entrada de duas lindas garotas no palco, que deveriam ter seus sutiãs tirados pelos concorrentes do quadro GayMe. Ficaram no papel de mulher-objeto, sem poder participar.

No GayMe, por sinal, Fernanda Lima inverteu preconceitos e defendeu o homossexualismo como matriz do melhor na arte, na cultura e no comportamento humanos. E as provas nas quais competiram, três homossexuais insistiam no visual e na atitude das bichas escandalosas e engraçadinhas. O melhor do amor e do sexo é que tanto um quanto outro costumam ser imprevisíveis. E sem brakes de comerciais. O segundo programa da temporada será exibido hoje, às 23h30.

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