Nahima Maciel
postado em 11/02/2011 07:42
O alemão Thomas Kellner desconstruiu Brasília e recompôs o cenário modernista em imagens fragmentadas. Os ministérios parecem a ponto de desmoronar, a Torre de TV lembra uma escultura surrealista e os arcos da Ponte JK ficaram confusos.O conjunto de fotografias realizadas pelo alemão entre 2004 e 2010, exposto no Espaço Cultural Contemporâneo (Ecco) em 2010, sai agora em livro que traz explicações detalhadas da técnica do fotógrafo e textos dos curadores Paul Wombell, André Corrêa do Lago e Stefanie Schelt-Koppitz.
Kellner é um investigador de tudo aquilo que o olho humano não pode ver. Não se satisfaz com imagens comuns. Especialista em arquitetura, há muito fragmenta o mundo e esquadrinha cada centímetro da paisagem com pequeninos fotogramas montados como se a paisagem fosse sempre um divertido e ilógico quebra-cabeça. Entre a primeira e a última imagem de cada composição, Kellner costuma levar em média oito horas. O tempo tem papel especial nesse trabalho. É preciso uma quantidade precisa de minutos e enquadramentos para sensibilizar os fotogramas.
Intitulado Brasília ; 50 anos de utopia moderna, o livro traz paisagens e interiores de prédios públicos da capital, mas a fragmentação levada a cabo por Kellner foge de obviedade do cartão- postal. ;Kellner não faz uma visão idealizada de Brasília, simplesmente celebrando os projetos únicos de Oscar Niemeyer ou o plano da cidade feito por Lucio Costa, o que muitos fotógrafos fizeram em anos recentes;, escreve Wombell, curador da mostra realizada no Ecco. ;Sua visão da cidade é mais complexa e, em parte, mais histórica.;
Também fruto de uma incursão em paisagens insólitas, Índia e Butão ; Os caminhos que percorri, de Claudia Estrela Porto, funcionou para a artista como um livro-diário. As imagens ; também expostas no Ecco em 2010 ; ilustram o texto no qual Claudia relata experiências de estranhamento, reconhecimento e interiorização de uma cultura distante.