Diversão e Arte

Charlie Sheen é a celebridade mais bem paga da tevê americana

postado em 13/02/2011 08:00
Quando um repórter da revista Playboy perguntou a Charlie Sheen sobre a fama de ;bad boy; ; depois de listar todos os vícios que o acompanham desde meados dos anos 1980 ;, o astro respondeu com um sorriso venenoso. ;Não quero que minha vida seja bege, chata, esquecível;, comentou. O bate- papo foi publicado há 10 anos, em junho de 2001. Desde então, o nova-iorquino casou-se e separou-se duas vezes, teve quatro filhos e se tornou a celebridade mais bem paga da tevê americana, faturando US$ 1,8 milhão por episódio de Two and a half men. Mas não abandonou um papel que interpreta com afinco na vida real: o de arruaceiro mais adorável do show-business.

A extravagância mais recente do ator teve como cenário uma festança de 36 horas, turbinada por doses colossais de álcool e cocaína. Como acontece com muitas das histórias sobre os bastidores do mundo das celebridades, no caso também não se sabe exatamente onde terminam os boatos e onde começam os fatos. Mas a noitada, em 27 de janeiro, terminou como um drama barra-pesada: hospitalizado, Sheen começou mais uma temporada de reabilitação. ;Tenho muito trabalho a fazer;, informou à imprensa. ;Aos meus fãs, quero dizer que seus votos de melhoras me comoveram muito. Como Errol Flynn, que de vez em quando tinha que deixar sua espada de lado, só quero dizer ;obrigado;;, afirmou.

A nova crise de Sheen interrompeu a série líder de audiência norte-americana. A oitava temporada de Two and a half men, exibida no Brasil pela Warner Channel (e nas madrugadas do SBT), atrai, em média, 15 milhões de espectadores por capítulo (o fim de Lost, em comparação, teve um público de 13 milhões).

Um porta-voz da Warner, que produz o seriado, informou que 16 dos 24 episódios já foram gravados. Os fãs, no entanto, talvez não tenham motivo para se preocupar excessivamente: em fevereiro de 2010, o astro de 45 anos já havia abandonado o set para se refugiar numa clínica de dependentes em drogas. Em dezembro de 2009, foi preso, acusado de violência doméstica contra a mulher, Brooke Mueller ; foi solto após pagar fiança de US$ 8,5 mil, mas condenado a se internar por 30 dias num centro de recuperação. Bege? Não é uma palavra apropriada para descrever essa vida.

Na telinha, ele interpreta Charles Francis Harper, o solteirão mulherengo que divide a casa com o irmão careta, Alan (Jon Cryer) e o sobrinho adolescente Jake (Angus T. Jones), adepto da lei do menor esforço. Se ator e personagem compartilham o primeiro nome, não é por pouco: o tipo de ficção abusa das referências ao estilão desencanado de Sheen, que costuma falar sem pudores sobre o tempo em que pagava por sexo ou dos dias em que encheu a cara como se não houvesse amanhã. ;Fiz muitas coisas erradas. Mas, na minha posição, o que você faria? Todos os caras que me criticam talvez tivessem feito as mesmas coisas, mas talvez tivessem morrido;, contou, com o humor cínico que lhe é típico.

Sobrevivente
Sheen pertence a um clube seleto de sobreviventes dos cinema juvenil dos anos 1980, que inclui heróis como Tom Cruise e Matthew Broderick. Naquela década, era avaliado por Hollywood como um talento que ; além de estampar pôsteres cobiçados pelas meninas ; era capaz de interpretar tanto típico mocinho bem-humorado de fitas teen (como The wraith ; A aparição, de 1986) quanto papéis dramáticos, a exemplo de Platoon (1986) e Wall Street ; Poder e cobiça (1987). A naturalidade como ia de um extremo a outro facilitou a performance em comédias que satirizavam filmes sérios ; Top gang ; Ases muito loucos (1991) rendeu gargalhadas principalmente nos momentos em que o ator fechava o rosto.

Foi a tevê, no entanto, que abrigou com mais conforto o filho dos atores Martin Sheen e Janet Templeton. Nas séries Spin City e Two and a half men, encontrou um lar. É no horário nobre que o fã de baseball se diverte com o esporte favorito: rir da fama que construiu para si próprio. Longe das revistas de fofocas, Carlos Irwin Estevez (o nome na Carteira de Identidade do comediante) atua também como porta-voz de campanhas de combate ao câncer de mama e à Aids, além de erguer a voz contra os abusos do governo Bush. Essa faceta engajada, no entanto, não parece combinar com o Charlie Sheen que a mídia e o público desejam. Ele sabe disso. Mas as notícias recentes deixam claro que a linha entre a encenação e a realidade pode se tornar cada vez mais fina.


TWO AND A HALF MEN
Terças, às 20h, no Warner Channel (NET, Via Embratel e Sky). Reprises, de segunda a sexta, às 12h, às 12h30, às 19h, às 19h30 e às 23h. Sábado e domingo, às 12h e às 12h30.

Isto é Sheen

Platoon (1986)
[FOTO2]No primeiro grande papel nas telas, Sheen interpreta Chris Taylor, o jovem que abandona os estudos para combater no Vietnã. O personagem, que espelha as experiências do diretor Oliver Stone na guerra, seria parodiado pelo próprio ator em comédias do fim dos anos 1980.

The wraith ; A aparição (1986)
Uma fita de ação e ficção científica que, com um elenco de jovens astros (além de Sheen, Randy Quaid, Sherilyn Fenn e Nick Cassavetes), é lembrado como um fenômeno teen da década de 1980. Corridas de carros, mulheres bonitas e um toque sobrenatural.

Wall Street: poder e cobiça (1987)
Novamente sob tutela de Oliver Stone, o ator ganha status de protagonista num drama que observa a fogueira de vaidades que consome o centro das decisões econômicas dos Estados Unidos. Vive o iniciante Bud Fox, desesperado por sucesso.

Top gang: ases muito loucos (1991)
Anunciado como um encontro de Top gun com Apertem os cintos, o piloto sumiu, a sátira de sucessos hollywoodianos transformou Sheen num astro de humor. No papel do piloto Topper Harley, deu risadas dos filmes que conquistaram o público nas décadas passadas, como Rambo e Super-homem.

Os três mosqueteiros (1993)
Na adaptação da Disney para o romance de Alexandre Dumas, Sheen é o mosqueteiro Aramis. Um dos poucos papéis de destaque do ator nos anos 1990, década em que começou a se afastar do cinema e se dedicar a seriados de televisão.

Quero ser John Malkovich (1999)
Conhecido por usar a própria vida como combustível para comédia, o ator interpreta ele próprio nesta comédia dirigida por Spike Jonze. De tão convincente, a ;ponta; garantiu indicações a Sheen em prêmios da crítica.

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