;Até quando o sucesso dos amigos será suficiente para te satisfazer,; perguntava a letra de O grande vazio, um dos clássicos do repertório da banda brasiliense Escola de Escândalo, a grande banda que não chegou ao estrelato nos anos 1980. Sem disco lançado, o legado do grupo ficou na memória dos fâs e em seus poucos registros de estúdio e gravações ao vivo até agora. A banda, recém-reativada, está em estúdio preparando o que será seu primeiro disco.
A volta do Escola mais de 22 anos depois do fim começou em 2009 com um show especial (e, a princípio, único) no Porão do Rock. Na ocasião, o baterista Eduardo ;Balé; Raggi e o baixista Geraldo ;Geruza; Ribeiro (ambos ex-integrantes do grupo) foram acompanhados pelo guitarrista Sylvio J. (Pravda). A apresentação rendeu o convite de um produtor para a banda gravar um disco. As negociações não foram muito longe e, nesse meio tempo, Balé e Sylvio deixaram o grupo. Depois de trocas de e-mails, Geruza se reaproximou com Marielle Loyolla, ex-vocalista da banda.
Surgia uma nova formação do Escola, agora com Geraldo, Marielle, o baterista Totoni Fragoso (também ex-integrante da banda) e o guitarrista Alexandre Parente para o posto que foi do falecido Luiz Eduardo ;Fejão;. ;Ninguém melhor do que o melhor amigo do Fejão para substituí-lo;, comenta Marielle. ;Eu ia aos ensaios da banda, sabia todas as manhas e técnicas dele!”, afirma Parente.
A atual formação (que conta também com o baterista Helder Bonfim) se apresentou em janeiro, no fim de semana de inauguração do Cult 22 Rock Bar. ;A gravação das 10 músicas que entrarão no disco está quase pronta. A ideia é lançar em março ou abril;, adianta o guitarrista. Marielle explica que a seleção do repertório obedeceu a um critério cronológico, com as primeiras músicas da banda. O Escola tem mais de 25 músicas e pretende gravar outras num segundo disco. Sobre os arranjos, ela diz que serão os mesmos, mas com algumas diferenças no timbre dos instrumentos. ;Os dos anos 1980 soariam ultrapassados;, avalia a vocalista.
Entre os convidados do disco, estão Digão, dos Raimundos, e Tico Santa Cruz, dos Detonautas. ;O Digão era menino, acompanhava os nossos ensaios, ia nos shows. Ele e o Canisso estavam sempre por ali;, lembra Marielle. ;Foi o Digão quem indicou o Tico. E eu gosto muito do trabalho dele;, ela continua. A vocalista conta que Bruno Gouveia, do Biquíni Cavadão, também será convidado: ;Era uma banda parceira do Escola, fizemos vários shows juntos no Rio e São Paulo;.
Geraldo afirma que, mesmo com o disco na mão, este será um retorno sem grandes pretensões. Ele não pensava em voltar a tocar. ;Mas quem mexe com arte fica comprometido com ela de alguma forma para o resto da vida,; diz o baixista. ;O plano é lançar o disco e fazer shows quando for possível, porque temos as nossas vidas, as nossas famílias, trabalhos.;
Convidado para voltar a tocar na banda, o vocalista e letrista Bernardo Mueller não topou. Mas deu sua benção: ;Já estou longe disso há muitos anos. Esse tempo já passou pra mim. Mas acho legal eles gravarem o disco, porque as músicas ganham um registro.;
As músicas do disco
; Caneta esferográfica
; Luzes
; Complexos
; Grande vazio
; Popularidade
; Lavagem cerebral
; Quatro paredes
; Más línguas
; Só mais uma canção de
soldados e guerras
; Celebrações (do Arte no Escuro)
Confira vídeo com a gravação da banda no Cult 22 Rock Bar