Diversão e Arte

Les Pops aposta na diversidade de influências para fazer música sincera

postado em 18/02/2011 07:51
;Não estamos meio velhos para montar uma banda?;, se perguntou o guitarrista e vocalista Rodrigo Bittencourt, quando recebeu do multi-instrumentista e também vocalista Thiago Antunes o convite para formar um novo projeto musical. Na época, fins de 2009, eles tinham 32 anos. A principal motivação, conta Rodrigo, era montar uma banda de cantores e juntar os esforços para fazer um som divertido, solto e muito diferente dos que eles tinham feito anteriormente. Daniel Lopes, ex-vocalista da banda Reverse, foi chamado para completar o time. Nascia a banda Les Pops ; ou ;lê pops;, como eles gostam de pronunciar, num híbrido de francês e inglês.

Fazer uma banda já balzaquiano tem suas vantagens. ;Ter mais cabeça, mais maturidade musical e aceitar as diferenças e as críticas;, aponta Daniel. ;E cair em menos armadilhas;, completa.

Com um estúdio à disposição, o Les Pops logo gravou seu disco de estreia, Quero ser coolTer experiência conta muito para começar uma banda. O que não torna as coisas necessariamente mais fáceis. Especialmente se a banda mora no Rio de Janeiro, caso do Les Pops. ;Aqui não existem lugares para tocar;, constata Rodrigo. ;É como Jorge Mautner me disse uma vez: ;Querido poeta, vivemos numa cidade que é a nossa L.A. Vivemos na Los Angeles brasileira.; E isso para a cultura é uma m;;, ele continua. Daniel comenta que, talvez pela presença da Globo na cidade, o Rio tem fama de vitrine.

;Mas para se produzir cultura independente é uma roubada;, pondera. E exemplifica: ;Aqui é a cidade das ;boas;, todo mundo quer estar onde está rolando a boa da noite e sem pagar por isso (risos). Aqui, importa mais quem vai estar num show do que quem está tocando;.

As pedras no caminho não impediram o trio de lançar seu primeiro disco, Quero ser cool. ;Tínhamos um estúdio à disposição e entramos numa de gravar logo o que estávamos produzindo nos ensaios. Foi bom para organizar nossas ideias e criarmos nossa identidade;, conta Daniel, responsável pela produção, pelo ;guitarraxo; (uma guitarra com octave, para soar mais grave e funcionar como baixo) e proprietário do estúdio Sonido, onde as músicas foram registradas.

Zilhões de referências
O disco apresenta uma banda eclética, que ao mesmo tempo não soa diretamente como nenhuma outra, mas deixa pistas das referências de seus integrantes, indo de Beatles a Pedro Luís e a Parede. O que se percebe em Quero ser cool é uma banda formando uma identidade. ;São zilhões de referências. No meu caso, gosto de comparar o Les Pops ao Talking Heads ou ao Blur, mas sei que isso não se reflete muito na sonoridade. E isso é ótimo;, aponta Daniel. ;Às vezes me lembra Titãs;, opina Thiago.

As letras também ; sinceras, apaixonadas e irônicas ; passeiam por diversos temas. Esmalte, com cara de hit, versa sobre amor. Aluguel em Abbey Road brinca com a capa de um dos mais famosos discos dos Fab 4. A faixa-título reflete sobre o que é ser cool, maneiro, descolado ; um tipo de postura que facilmente vira caricata. ;Acho que se você extrapolar na vontade de ser cool, vai ser uncool... A elegância é tudo;, diz Daniel. Além das composições próprias, o Les Pops gravou versões para Macaco pavão, de Wado, e para o samba Camisa listrada, de Assis Valente. Eles gravaram também músicas de Roberto Carlos e Michael Jackson, mas não tiveram dinheiro para pagar as editoras e lançá-las oficialmente.

Com o disco já na praça, a banda aguarda convites para tocar pelo país. Enquanto isso, celebram as pequenas vitórias. ;Ainda estamos empolgados com a repercussão do lançamento, acompanhando as ;twittadas; e os plays do MySpace. Isso é legal, já deu para sentir que tem muita gente por aí que vai gostar da banda;, comemora Daniel Lopes.

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