Diversão e Arte

Jovens participam de oficinas com dançarinos americanos

postado em 23/02/2011 07:41

Com as pernas juntas e levemente flexionadas, o dançarino de hip-hop norte-americano Patrick Cruz jogou o tronco de um lado para o outro. ;É como se o corpo dissesse não;, explicou em inglês. Ao microfone, a intérprete traduziu tudo ao português, mas nem seria necessário. Pelo espelho que recobre a parede da sala, os jovens que se espalhavam às costas de Cruz observaram seu movimento e logo se esforçaram para repeti-lo. ;Good;, satisfez-se o professor. A cena fez parte de uma das aulas comandadas por Cruz em um workshop realizado nas tardes de segunda-feira, em Sobradinho II, e de ontem, na Ceilândia.


De olho na batida: Patrick Cruz, de camisa branca, ensina passos para jovens brasilienses que curtem a street dance em SobradinhoO evento teve inscrições gratuitas e foi promovido pela Secretaria de Juventude do DF, em parceria com a Embaixada dos Estados Unidos. Em Sobradinho II, o workshop ocorreu no Espaço Jovem de Expressão, que sedia o projeto de mesmo nome. Na Ceilândia, foi realizado no Centro Cultural da cidade. ;Nosso objetivo foi estimular os meninos da comunidade que dançam hip-hop a partir do contato com profissionais renomados, que servem de modelo para muitos deles;, comentou o secretário de Juventude, Fernando Nascimento Neto. ;Eles servem de inspiração para os jovens daqui, que ousaram praticar uma dança bastante técnica, que exige concentração total do dançarino;, avaliou a embaixadora Maria Guisela Shannon.

Além de Cruz, o workshop também deveria ter sido ministrado pela dançarina Jessika Kolotkin, mas ela estava com a perna esquerda machucada. Em sua primeira passagem pelo Brasil, os dois chegaram a Brasília após participarem da Mostra Internacional de Dança de Rua do Rio de Janeiro, realizada neste mês. ;Vi que vocês têm tanta paixão pela música e pela dança quanto nós. Fiquei impressionado. Quando vi essa paixão, lembrei do que me fez querer trabalhar com dança;, afirmou Cruz em bate-papo com os jovens que participaram da oficina em Sobradinho.

Cruz e Jessika, ambos com 24 anos, são integrantes de grupos como The Company e Gen2, premiados em alguns dos principais festivais americanos de dança hip-hop, como Body Rock e World of Dance. Eles já fizeram workshops em países como Canadá, Escócia, China Filipinas e Espanha.

;Nossa! Foi nota mil;, comentou Luiz Fernando Barbosa, 19 anos, que participou de uma das duas turmas do workshop em Sobradinho. Ele já foi aluno e hoje é instrutor da oficina de street dance do programa Jovem de Expressão, criado em 2007 e gerido pelo escritório da Organização das Nações Unidas sobre Drogas e Crime, em parceria com o Grupo Cultural Azulim e a Central Única de Favelas (Cufa) no DF. ;Eu não conhecia a técnica que ele (Cruz) passou para nós. Você tem de dançar com o corpo duro, expressar agressividade e sensualidade ao mesmo tempo;, avaliou o jovem, integrante do grupo Charadas, que se apresentou antes do workshop. ;E ele não apenas ensina a dançar, mas também brinca, passa alegria, que é a essência da dança;.

No asfalto
As aulas eram aguardadas com grande expectativa pelos jovens, que queriam aprender e mostrar o que sabiam fazer. A ansiedade era tanta que, em Sobradinho, enquanto Cruz dava aula para uma das turmas, os jovens inscritos para a turma seguinte protagonizaram um evento inesperado. Na calçada do Espaço Jovem de Expressão, enquanto fotografava a paisagem com uma câmera digital, Jessika foi abordada por um garoto, que a puxou pelo braço da camisa e acompanhou a moça até a esquina. Lá, um grupo de jovens ligou um aparelho de som e começou a dançar no meio da rua. Um a um, eles se revezavam sobre o asfalto. A americana acompanhava os movimentos com meneios de cabeça e gravava tudo com a câmera digital.

O estudante Eduardo Alves, 15 anos, estava entre os jovens que dançaram na rua. ;Deu para mostrar alguma coisa, mas na hora fiquei meio nervoso, pois era ela que estava olhando;, comentou o estudante Mateus Silva, 17, que também se apresentou para Jessika. Os dois amigos conheceram o trabalho dos americanos por meio de vídeos veiculados na internet. ;Eles são ídolos nossos. Achei que nunca teria chance de chegar perto deles;, complementa Mateus. Após participarem da oficina com Cruz, os dois estavam empolgados. ;Tentei sugar o máximo dele;, disse Eduardo. ;Foi a aula mais louca da minha vida;, avaliou Mateus.

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação