postado em 27/02/2011 11:19
A candidatura de Moacyr Scliar à Academia Brasileira de Letras, lançada pelo acadêmico Marcos Vilaça, tornou-se uma febre gaúcha, com o Estado abraçando a causa de levar o escritor do Bom Fim ao Petit Trianon, no centro do Rio.Depois de cumprir os trâmites de campanha, Scliar viajou ao Rio em agosto de 2003 para esperar o resultado da votação que decidiria o destino da cadeira 31. Este repórter e a fotógrafa Adriana Franciosi acompanharam a espera de Scliar ; uma espera simples e sem ansiedade: ele hospedou-se no mesmo hotel modesto no Aterro do Flamengo em que sempre se alojava quando ia ao Rio. Ao abrir a porta de seu quarto para a equipe de reportagem, parecia agitado ; nada a ver com a sua iminente eleição, mas sim com a dificuldade para acessar o portal eletrônico pelo qual deveria enviar um texto para Zero Hora.
Scliar tratou a reportagem com a cortesia de sempre ; sua presença era constante na redação de ZH, onde sempre parávamos para conversar sobre livros, os dele e os de outros. Enquanto almoçava um lanche frugal em uma banca de sucos da Rua do Catete, a três quadras do hotel, Scliar comentou o quanto significava para ele a possibilidade da eleição. Uma instituição vetusta ocupada por homens oriundos da elite nacional (com a exceção histórica de Machado de Assis) abria as portas para um filho de imigrantes pobres. Foi eleito em uma das votações mais rápidas da ABL: a casa não precisou sequer de meia hora para sagrá-lo quase unanimemente com 35 votos (um foi em branco). Tão logo o resultado foi divulgado, começou a receber os cumprimentos calorosos de amigos como Arnaldo Niskier, Carlos Heitor Cony e Nélida Piñon.
Naquela tarde ensolarada do Rio de Janeiro, o que se via era um Scliar tranquilo, feliz e cheio de amigos. Um pouco o resumo da pessoa que ele parecia ao olhos de quem o conheceu.