Diversão e Arte

Fãs de grupos como Restart, Cine e Hori declaram sua paixão pelo happy rock

postado em 27/02/2011 18:23
Durante o recreio numa escola em Sobradinho, há sempre um cenário de discórdia musical entre os alunos da sétima série. Todas as manhãs acontece mais ou menos a mesma coisa. ;Estava comentando com uma amiga sobre o show do Restart, aí um menino ouviu, e começou a me encher o saco: ;Eles são ridículos, não tocam bem;, relembra, indignada, Beatriz Fechine, de 13 anos. ;Reagi na hora. Quem é ele para julgar o que é bom ou não?Stefanie (E), Cecília e Bruna posam com as bandas favoritas: fiéis seguidoras

Além do Restart, outros grupos, como Cine e Hori, por exemplo, vêm surgindo no mesmo formato: cores fortes, estampadas na calça skinny e nas camisetas apertadinhas, cabelos repicados e descoloridos e canções alegres, que, geralmente, discorrem sobre relacionamentos adolescentes (o que, além das roupinhas justas, enlouquece as fãs). É o chamado happy (feliz) rock.

Em 2008, Beatriz assistiu pela primeira vez ao clipe de Recomeçar, música dos mega coloridos meninos da banda paulistana Restart. ;Me apaixonei desde aquele dia. Eles eram tão diferentes de tudo que havia visto, a música era tão alegre;, derrete-se Beatriz.

A estudante Stefanie Moreira, 13 anos, da mesma escola de Beatriz, também fica no lado colorido da trincheira, e não gosta nem de lembrar os nomes dos desafetos. ;Prefiro ignorar essas pessoas;, fala, ressentida.

As duas, assim como outros milhares de fiéis seguidores do grupo (a maioria, meninas), têm que encarar o ringue todos os dias. As críticas em relação ao modo de se vestir e a sonoridade do grupo estão em todos os lugares ; na escola, na internet, e, às vezes até em casa. ; Acho injusto quando falam mal dos meus meninos (como se refere a eles);, fala Beatriz.

;Muitas meninas novinhas começam a escutar para se encaixar no grupo, só porque é modinha;, analisa a recepcionista Gabriela Alencar, 19 anos. Ela começou a gostar de happy rock em 2009, mas nem pensa em comprar calças coloridas, tênis de cano alto ou óculos de armação grossa.

Turma do contra

João Victor Romano, 13 anos, não suporta o visual colorido dos happy rockers. ;Tenho roupas coloridas, mas acho que misturar tudo de uma vez é para chamar atenção;, analisa. ;No começo dessa moda, no ano passado, as meninas gostavam de meninos que usavam roupas assim, mas, agora, acho que elas desencanaram;, conta. Fã de Beatles, o estudante fala que não vê problema na sonoridade e nas canções de grupos como Restart. O que ele não gosta mesmo é da voz melosa e arrastada dos vocalistas.

Roqueiros mais ;velhos;, como Victor Nogueira, 22 anos, guitarrista da banda de metalcore Hellena, é direto. Ele não gosta da forma como os Restart se denominam: happy rock. ;Chamar esses meninos de roqueiros é banalizar o rock;, defende.

;Fui no primeiro show da Restart em Brasília, para vender as camisetas da minha banda. O show é muito profissional, eles não tocam mal. O problema é que é tudo montado ; não tem sentimento;, explica. Esses meninos nunca tiveram que regular um amplificador, testar um som. Eles nasceram com uma equipe, que faz tudo para eles;, fala.


Dinho Ouro Preto, vocalista da banda Capital Inicial, fez um comentário, no ano passado, em um programa da emissora MTV, que recebeu mais atenção do que os últimos discos lançados pela banda. ;O Restart faz o Fresno parecer Dostoiévski;. ;Os estilos musicais que surgem vão se excedendo a cada ano que passa, até o momento em que vira uma caricatura, uma coisa barroca ; o que quer dizer que está em iminência de acabar ;, falou. ;Tenho a impressão de que no começo da onda emo a galera fazia música de amor, usava aqueles cabelinhos. Acredito que esses meninos coloridos são justamente a fase barroca da geração emo;.


Mas Caio, baterista da banda Replace (também idolatrada pelo público teen) acredita que tudo não passa de uma grande coincidência. ;Nunca gostei de me vestir de preto, uso roupas coloridas desde sempre. A nossa banda, a Cine e outras que não aparecem muito na mídia, surgiram na mesma época, em São Paulo. Sempre fazíamos shows juntos. Os nomes das bandas são parecidos. Normal acharem que é a mesmo coisa;, fala. ;Não somos happy rock, estamos mais para rap rock, aí sim;, brinca.

Banda que vira livro

; Os três anos de história dos meninos da banda Restart vai virar um livro, que será lançado ainda neste semestre. Desde dezembro, uma jornalista está acompanhando o quarteto em shows, entrevistas, apresentações em programas de televisão e tudo mais que surge pela frente (o que não é pouco). A biografia também irá contar com depoimentos de amigos e familiares, que irão relatar como é conviver com os mais novos fenômenos teens da música brasileira. Ainda sem título definido, o livro será lançado pela editora Saraiva.

Outras bandas do gênero

Imaginária
Criada em 2008, por cinco integrantes (Paulo, PA, Tafas e Neto), a banda brasiliense já abriu shows da Restart, Fresno e Hevo84. O nome Imaginária surgiu porque o grupo não tinha nenhum material no início, eles apenas ensaiavam.

941B

A banda, de Jundiaí (SP), foi formada em 2009, por Lucas Vivot, Gustavo, Enzo, Leonardo e Rafael. O quinteto, amigos da Forfun, Cine e Etna, já faz shows por todo Brasil, mas ainda sonha com a gravação do primeiro álbum.

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