postado em 01/03/2011 07:20
A Academia apostou no carisma de James Franco (indicado a melhor ator por 127 horas) e Anne Hathaway para renovar a festa. Sem Alec Baldwin e Steve Martin, apresentadores do ano passado, e com menos piadas e improvisos, a cerimônia foi encurtada (3h15, contra 3h37 em 2010). Mas provocou poucas risadas. A melhor gag da noite ficou por conta de Justin Timberlake. Ao lado de Mila Kunis para anunciar o melhor curta-metragem de animação (o australiano The lost thing), ele confessou: ;Eu sou Banksy;. O anônimo grafiteiro britânico não deu as caras ontem ; ou, se deu, não se revelou ;, e o polêmico documentário dele, Exit through the gift shop, saiu sem nada. Apesar da previsibilidade das categorias principais, os vencedores mostraram deslumbramento ao subir ao palco para receber a estatueta dourada.O roteirista Aaron Sorkin, famoso pelos textos precisos da série The west wing, foi premiado pelo script adaptado de A rede social e aproveitou para dar um recado ao filho: ;Seu pai ganhou um Oscar. Quero ganhar o respeito do seu porquinho-da-índia;. Já a estatueta de roteiro original foi para David Seidler, um ex-gago, por O discurso do rei. ;Em nome das pessoas que gaguejam no mundo inteiro. Temos uma voz e fomos ouvidos, graças à Academia;, disse, emocionado, o roteirista de 73 anos.
Se James Franco e Anne Hathaway não conseguiam entreter o público, o comediante Billy Crystal, que já comandou a maior festa de Hollywood oito vezes, deixou sua marca numa breve aparição. ;Algumas coisas nunca mudam. Os produtores me pediram para dizer que está demorando um pouco; então aqui estão os indicados a melhor filme;, brincou. Ele apresentou um curto segmento sobre o ator Bob Hope, mestre de cerimônia em 18 edições.
Discursos
No anúncio das melhores performances, pouca surpresa dos espectadores e estupefação dos intérpretes. Melissa Leo, tremendo, recebeu de um cômico Kirk Douglas, 94 anos, o troféu de atriz coadjuvante por O vencedor. Ela até deixou escapar um palavrão no discurso, ao dizer que, com ;Kate (Winslet, de O leitor), dois anos atrás, parecia tão fácil!”. Saiu de braços dados com o pai de Michael Douglas, surrupiando a muleta do astro de Spartacus. Kirk, rindo à toa, achou graça de tudo.
Christian Bale, que no Globo de Ouro foi praticamente arrastado para longe do microfone, desta vez economizou nos agradecimentos. Premiado como ator coadjuvante pelo papel do boxeador Dicky Eklund, em O vencedor, ele se direcionou aos personagens reais da cinebiografia, presentes no Teatro Kodak: ;Se você quer ser um campeão, treine com ele!”, gritou.
Entre os protagonistas, discursos mais educados e contidos. Natalie Portman, que encarnou a perturbada bailarina Nina Sayers em Cisne negro, definiu o diretor Darren Aronofsky como ;líder e visionário; e agradeceu a Mike Nichols, que a dirigiu em Closer ; Perto demais (pelo qual recebeu uma indicação ao Oscar, como coadjuvante, em 2005). Grávida de seis meses do primeiro filho (com Benjamin Millepied, coreógrafo e ator de Cisne negro), a atriz tentou se lembrar de quase todos os envolvidos no filme. ;São pessoas pouco faladas, mas que estão lá todos os dias. Quem me vestiu, quem fez o cabelo, quem fez as roupas maravilhosas de bailarina, os operadores de câmera;;, enumerou.
Colin Firth, o ator britânico de 50 anos premiado por O discurso do rei, fez elogios ao elenco, ao diretor Tom Hooper e também a Tom Ford, estilista e diretor do filme que lhe rendeu a primeira indicação ao Oscar, no ano passado, por Direito de amar. Tom Hooper, por sua vez, revelou que tudo começou com a mãe, a australiana Meredith. ;Minha mãe foi chamada para uma leitura da peça O discurso do rei. Ela gostou, chegou em casa e disse que tinha uma coisa para mim. A moral da história é: escute a sua mãe.;