A fotografia analógica já virou coisa de colecionador. A tecnologia digital mal completou duas décadas e começa a ultrapassar, a galope, um processo que revolucionou a maneira como o homem registra a própria história em imagens. E é com o olhar histórico que o Fotoclube f/508 encara a fotografia analógica na exposição Histórias, memórias e outros registros fotográficos, em cartaz no Espaço Cultural Zumbi dos Palmares, na Câmara dos Deputados.
O f/508 reuniu 24 fotógrafos que ainda investem na imagem analógica e dividiu a exposição em quatro módulos que propõem um passeio pela história desse processo praticado hoje como um hobby caro e difícil. A mostra tem início com uma série de daguerreótipos realizados durante uma oficina para fotógrafos de Brasília ministrada por Francisco Moreira da Costa, especialista em processos fotográficos do século 19. ;É um método muito artesanal. O negativo é a placa de metal banhada em prata, não tem como reproduzir e é tratado hoje como uma minijoia;, explica Humberto Lemos, fundador do f/508. Além do daguerreótipo, a mostra traz outras técnicas muito difundidas no século 19 e hoje praticadas apenas como experimentos, caso do cianótico e do papel salgado.
Depois do módulo histórico, entra a fotografia analógica praticada durante todo o século 20 e uma homenagem ao fotográfo português Manuel Gama, falecido há três anos. O fotoclube conseguiu uma série de 30 imagens nas quais Gama registra o próprio cotidiano familiar. Os processos pós-digitais também foram contemplados na mostra em forma de vídeos e fotografias realizadas com o que Lemos chama de low-fi, tecnologias baixas e interferências simples como o uso do filme ao contrário e diferentes modos de exposição. ;A ideia é o resgate dos processos analógicos;, avisa Lemos. ;O analógico é o passado, presente e futuro e a exposição é um mapeamento desse uso hoje. Há 10 anos se fotografava com analógico e hoje há um resgate da memória desse processo. A velocidade do mundo faz com que a tecnologia nos engula.; Confira algumas das imagens expostas em Histórias, memórias e outros registros fotográficos.
Simplicidade
Imagem produzida pelo processo positivo criado pelo francês Louis-Jacques-Mandé Daguerre (1787-1851). Os daguerreótipos eram luxuosos estojos decorados ; inicialmente em madeira revestida de couro e, posteriormente, em baquelite ; com passe-partout de metal dourado em torno da imagem e a outra face interna dotada de elegante forro de veludo.
HISTÓRIAS, MEMÓRIAS E OUTROS REGISTROS FOTOGRÁFICOS
Exposição de 24 fotógrafos. Visitação até 31 de março, de segunda a sexta, das 9h às 18h, no Espaço Cultural Zumbi dos Palmares da Câmara dos Deputados.