Diversão e Arte

Drama é o que surpreende público em Bruna Surfistinha, com Deborah Secco

postado em 09/03/2011 07:19
Jhessica Amparo, Angélica Bimbato, Pamela Diaz e Anna Laura Lima: público jovem é um dos principais alvos;Não é um filme para qualquer um;, adianta-se a estudante Anna Laura Lima, 17 anos. O alerta faz sentido: antes das sessões de Bruna Surfistinha, em cartaz na cidade, a expectativa é por um programa, no mínimo, atrevido. Um certo estigma de ;fita proibida; assombra o drama da adolescente paulistana que, aos 17 anos, foge de casa para se prostituir. ;Eu não traria meu filho;, avisa uma espectadora de 33 anos, que prefere não ser identificada. A carga de polêmica, no entanto, não prejudica a trajetória do lançamento nacional mais comentado da temporada. Pelo contrário: o cheiro de pimenta já atiçou a curiosidade de mais de 400 mil espectadores, que correram para assistir ao longa-metragem na primeira semana de exibição.

O burburinho sobre as cenas de sexo desinibidas, que desnudam a atriz Deborah Secco, explica a curiosidade do público pela cinebiografia de Raquel Pacheco, autora do livro O doce veneno do escorpião, de 2005. Mas o filme, dirigido pelo estreante Marcus Baldini, guarda uma surpresa dolorida para os espectadores: a folia de Bruna Surfistinha, garota de programa que se transformou em fenômeno da internet, termina numa tragédia que está longe de servir de apologia para a ;vida fácil;. ;Ela era uma menina que queria independência da noite para o dia. Escolheu a prostituição, ganhou dinheiro, mas não é uma vida tão simples quanto muita gente imagina;, comenta Anna Laura, que leu o livro, aprovou a adaptação e elogiou a atuação ;corajosa; de Deborah.

Antes de entrar na sala do Kinoplex do Boulevard Shopping, no fim da Asa Norte, Angélica Bimbato, 18, ainda duvidava que o filme conseguiria mostrar cenas de sexo sem apelar para a pornografia. No fim da sessão, gostou do resultado. ;Não tive a impressão de ver um filme pornô. As cenas ficaram muito objetivas, e não dá para contar essa história sem elas;, observa a estudante, que leu o livro Na cama com Bruna Surfistinha. O que mais a surpreendeu, porém, foi o lado trágico da trama, desvelado quando Bruna se vicia em cocaína. ;Não esperava muito essa parte da decadência da personagem. Quando tudo parecia que estava dando certo, ela caiu, sofreu. É uma parte da história que eu não conhecia;, afirma.

Apesar dos elogios, Angélica viu no perfil da prostituta um certo tom ;superficial;. ;O filme foca mais na relação com os caras. Eu queria que contassem mais sobre ela;, critica. Já a amiga Pamela Diaz, 16, que também leu o ;guia; Na cama com Bruna Surfistinha, viu na produção o retrato de uma menina que não soube lidar com o sucesso. ;É interessante ver a história de uma garota de classe média, uma adolescente como eu, mas que tomou a decisão de se prostituir. Eu já esperava que as cenas seriam picantes, mas o foco do filme é revelar os bons e maus momentos de uma prostituta;, explica. ;A mensagem é que tudo tem um limite. Quando a situação não está boa, a pessoa precisa parar, repensar a vida;, interpreta.

Para jovens
O público jovem, formado por espectadores como Angélica e Pamela, é um dos alvos principais do filme. Tanto que, para garantir uma classificação indicativa não tão alta (o filme não é recomendado para menores de 16 anos), a produção rejeitou cenas de nu frontal e sublinhou as consequências negativas do uso de drogas e da prostituição. ;A preocupação com o Ministério da Justiça começou no roteiro e seguiu até a fase de montagem. O filme não glamouriza a prostituição e não explicita o consumo de drogas;, explicou ao Correio o produtor Rodrigo Letier, no lançamento do longa.

A estudante Jhessica Amparo, 18, discorda da classificação do Ministério da Justiça, que ela considera branda demais. ;Muitas meninas de 16 anos não são totalmente maduras para ver esse tipo de cena. Algumas parecem reais;, comenta. Mais do que isso, porém, viu na trama o retrato de uma adolescente que encontrou na prostituição um escape para uma vida de sofrimentos. ;Eu não sabia que ela sofreu tanto. Teve problemas na escola, na família. Podia ter o que queria, mas não tinha o essencial: uma boa base familiar;, observa. Para ela, o diretor acertou ao traduzir o livro para a tela. ;Eu recomendo;, ela afirma. ;Mas para aqueles que não querem ver só sexo.;

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