Todo menino que se preze adora uma história de super-herói, e o ator Thiago Casado não é diferente. Mas, em vez de se contentar com os já existentes, ele resolveu criar sua própria (e peculiar) versão: de uniforme amarelo com um coração no peito, o atrapalhado e debochado Patolino resolve grandes dilemas da humanidade, munido de um utensílio que pode ser visto em todos os cantos da cidade: uma raquete de matar pernilongo. O resultado pode ser visto em O super-herói da raquete de matar pernilongo, monólogo escrito, dirigido e encenado por Casado. A peça estreia amanhã e fica em cartaz até 3 de abril, no Teatro Goldoni.
Nada popular, Patolino sofreu com piadas na escola, considera-se um perdedor e tem a arte de fazer desandar tudo aquilo que toca. Decidido a virar super-herói, ele compra uma raquete e, enquanto mata mosquitos, sem querer, evita que uma senhora seja sequestrada. Fica famoso, vira manchete de jornais e, com sua arma improvável, salva pessoas de tragédias irreversíveis. Até mesmo a presidente, Dilma Rousseff, se vê livre de uma mosca em seu topete graças a ele. Com a surpreendente queda na população de insetos voadores, uma empresa fabricante de inseticidas chega às vias de falir.
Muitos atos de bravura depois, seus superpoderes são questionados e Patolino terá de se reinventar mais uma vez. ;A peça aborda a contradição entre ser herói e ser humano, brinca com esse desejo de poder. Ele não quer mais ser feito de trouxa, mas, por uma ironia do destino, acaba se transformando em algo muito maior do que esperava;, conta Casado.
[FOTO1]A raquete entrou na história por acaso: o ator já havia decidido escrever uma comédia que flertasse com o absurdo e um dia, parado em um sinal de trânsito, percebeu que esse objeto tão em voga poderia render muitas possibilidades teatrais. A criatura de Thiago Casado está longe de ter poderes sobrenaturais. ;Pensei nos super-heróis como ídolos, jogadores de futebol, seres poderosos;, explica. Patolino pertence à mesma linhagem do mexicano Chapolim Colorado (a semelhança fica evidente até na roupa), e dos justiceiros de filmes como Kick Ass ; quebrando tudo e Besouro Verde, atualmente em cartaz nos cinemas.
Apesar do texto bem-humorado, Casado vê dramaticidade na saga de seu herói. ;Existe muita solidão e rejeição. Quando a pessoa passa a ser amada e admirada, mas não tem estrutura, fica muito vulnerável. Quando a máscara cai, ele precisa se conhecer realmente;, destaca o ator, que, na infância, tinha Jaspion e Michael Jackson como heróis.
Sozinho no palco pela segunda vez na carreira, a primeira foi na peça Voyeur, ele não se assusta com a responsabilidade de segurar o espetáculo sozinho. Ensaia bastante para se sentir seguro em cena e afirma já ter se acostumado a seu modo de criação. ;Nesta peça, queria que as pessoas entendessem que podemos brincar de ser melhores, mais fortes e reconhecidos, mas aceitando nossos limites e nossa humanidade;, afirma.
Ideias próprias
O ator começou a fazer teatro na infância e nunca mais parou. Começou na escola Mapati e cursou a graduação na Faculdade de Artes Dulcina de Moraes, mas não chegou a terminar. Já atuou em mais de 15 espetáculos, dirigiu seis e cria quadros humorístico para o programa Inside, do SBT Brasília. Desde que começou a escrever suas próprias peças, Casado deixou de atuar em montagens de outros diretores. ;Não quer dizer que não farei mais. É que por enquanto quero defender minhas ideias;, explica.
O SUPER-HERÓI DA RAQUETE DE MATAR PERNILONGO
Peça escrita, dirigida e encenada por Thiago Casado. De amanhã a 3 de abril, no Teatro Goldoni (Casa D;Itália, 208/209 Sul; 3443-0606). Sessões às sextas e sábados, às 21h15, e domingo, às 20h15. Ingressos: R$ 20 (inteira). Não recomendado para menores de 14 anos.