Diversão e Arte

Cresce em Brasília o mercado de peças destinadas ao público infantil

postado em 13/03/2011 13:02
Há muito tempo, teatro era sinônimo de programa para adultos, que só saíam de casa depois de fazer as crianças pegarem no sono. A meninada, ainda bem, ganhou prestígio no mercado cultural e, hoje, várias companhias de artes cênicas se dedicam especialmente a esse grupo. Os espetáculos, que antes eram objeto de desejo de pais, agora se multiplicam em alternativas que reúnem famílias inteiras em suas poltronas. Em Brasília, gradualmente, as opções de peças voltadas para o público infantil se tornam mais fartas, as produções se profissionalizam a olhos vistos e a arte ganha cada vez mais adeptos, de todas as idades.

Há 12 anos, Nando Villardo e sua mulher, Néia Paz, decidiram viver de teatro e montaram a companhia que dita a diversão da meninada de Brasília: a Cia. Teatral Néia e Nando, especializada em adaptar para os palcos os desenhos animados e as histórias que encantam sucessivas gerações. ;Sempre achamos que o teatro para criança também tem que ser um prazer para os pais. Há piadas nas peças que só os adultos entendem. Se for maçante, a criança vai pedir para vir ao teatro, mas a família acabará propondo algo que seja atraente pra todo mundo;, ensina.

Público cativo: a atriz e produtora Néia Paz (C) com a sua plateia antes da peça Feiurinha, no Teatro da Escola Parque 507 SulVillardo reconhece que há pessoas fazendo trabalhos interessantes voltados para o universo infantil, mas as iniciativas são pontuais. ;São trabalhos pouco comerciais, que não vendem tanto a acabam não tendo tanta visibilidade, porque precisam de patrocínio para ocorrer;, destaca o diretor, que conta com 120 montagens no repertório da companhia, vive da bilheteria das peças e admite que seu elenco paga as contas com o salário do grupo, um sinal de êxito no setor. Além da renda garantida, ele recebe retornos que justificam sua escolha profissional. ;Um pai uma vez me disse que repete em casa, todos os dias, a oração que faço antes de as peças começarem. Outros dizem sair com dor no maxilar de tanto rir;, comemora.

A atriz e diretora Tereza Padilha fundou, há mais de 20 anos, a Companhia Teatral e o Teatro Mapati, um dos principais responsáveis pelo interesse das crianças por espetáculos cênicos. Ela aponta que, durante muito tempo, o cenário era de falta de investimento no setor. ;Muita gente encarava como aquele teatrinho menor, mas é essencial produzir para elas e garantir a formação de público;, explica.

Incentivo
Tereza acredita que a cidade esteja acordando para essa necessidade e enxerga mais qualidade nas montagens atuais. ;Os grupos estão conseguindo mais apoio para produzir e há cada vez mais gente interessada em fazer teatro;, justifica. O resultado desse momento de ventos a favor é casa cheia e olhinhos brilhantes em muitos teatros da cidade. ;O fim de semana de carnaval foi uma coisa assustadora. Tivemos um público muito grande;, salienta.

Frequentador assíduo de espetáculos para o público infantil, o empresário Eduardo Castrese, 39 anos, reúne os filhos Sophia, de 2 anos, e Lucca, de 4, para uma sessão quase todos os fins de semana. ;A questão cultural precisa ser inserida e trazê-los ao teatro é um incentivo para que continuem apreciando no futuro;, avalia ele. Castrese nota um aumento na oferta de peças para a criançada, mas acredita que esse crescimento poderia ser ainda maior. De vez em quando, adverte, é necessário recorrer a montagens repetidas. Mas só vê vantagens no hábito de compartilhar esse momento com os filhos. ;Depois do teatro, sempre vamos jantar e damos continuidade à história de cada peça. Sempre pergunto o que fariam se fossem o lobo mau;, cita Eduardo Castrese.

Quem também não abre mão de iniciar a filha no prazer teatral é a servidora pública Stela Melchior, 39 anos. ;É importante para o lúdico, a imaginação. Nessa fase, eles precisam desse contato com princesas e príncipes. É importante para serem adultos equilibrados. Sem fantasia, a vida fica muito dura;, defende a mãe de Ana Clara, 4 anos, que esperava ansiosamente pelo início de uma sessão, vestida de Bela (de A bela e a fera) sua personagem favorita.

As opções se multiplicam, admite ela, mas poderiam ser ainda mais variadas, e acessíveis ao bolso. ;Somos três na família e, se viermos com frequência, fica muito caro. Alternamos o programa com idas ao cinema;, revela. Mesmo assim, faz questão de dividir esse prazer com a menina. ;É um momento de pura diversão em família, a gente relaxa da rotina corrida, fortalece os vínculos e ainda participa da vida infantil;, garante.

Em cartaz


Caixa de memórias
Escola Teatral Confins-Artísticos (SCLRN 711 Bl. C Lj. 5; 3274-8160). De 19 de fevereiro a 20 de março. Hoje, às 17h30. Direção: Carina Ninow. Com André Vechi, Fernanda Pacini e Maysa Carvalho. Um menino descobre que sua mais nova amiga perdeu a memória e, pensando que ela deve estar muito triste, resolve juntar objetos para presenteá-la. Ingressos: R$ 20 e R$ 10 (meia, também para professores e classe artística). Classificação indicativa livre.

Domingo é dia de teatro
Teatro Eva Herz (Livraria Cultura do Shopping Iguatemi, SHIN, CA 4, Lt. A, Lago Norte; 3577-5000). Hoje, às 15h, A bruxa que queria ser linda. A história de uma bruxa que rouba a beleza de uma menina. Para desfazer o feitiço, a mocinha precisa do beijo de um sapo artista. Seguida de As trapalhadas do lobo guloso. A saga de um lobo que tenta roubar as cestas de doces das crianças, e sempre se dá mal. Entrada franca. Ingressos devem ser retirados no conciérge do shopping, a partir de 12h.
Não recomendado para menores de 4 anos.

Domingo no Pátio
Praça Central do Pátio Brasil Shopping (SCS Qd. 7, Bl. A;
2107-7400). Hoje, às 16h30,
João e o pé de feijão. Com o grupo Estrupenda Trupe. A fábula conta a história de um menino que troca uma vaca por feijões mágicos. Entrada franca. Classificação indicativa livre.

Menininha
Centro Cultural Banco do Brasil (SCES, Tc. 2, Cj. 22; 3310-7087). De 12 de março a 3 de abril. Hoje, às 15h e às 17h. De Laura Castro e João Cícero. Direção: João Cícero. Com Laura Castro e Marta Nobrega. O espetáculo mostra o ciclo de crescimento de uma mãe e sua filha, ao som das canções infantis de Vinícius de Moraes e Toquinho. Ingressos: R$ 15 e R$ 7,50 (meia). Classificação indicativa livre.

Teatro infantil
Praça das Palmeiras (Terraço Shopping, AOS 2/8, Área Octogonal Sul; 3403-2992). Hoje, às 17h, Patati Patatá. Música, brincadeiras e números circenses com os palhaços. Entrada franca. Classificação indicativa livre.

Eu acho...
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;Além de inserir o interesse pela cultura no ambiente familiar, o teatro infantil é um momento de transmitir valores e informações às crianças.;

Melissa Nicolau, turismóloga, 35 anos, com a filha Sophia, 2 anos

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