Nahima Maciel
postado em 16/03/2011 11:04
Brasília acabava de ganhar o título de patrimônio da humanidade quando Gis;le Santoro teve a ideia de criar um balé cujo tema fosse a cidade, uma homenagem efêmera feita de movimentos inspirados nos traços arquitetônicos de Oscar Niemeyer. Brasília ano 1 foi apresentado uma única vez, em 1988, e nunca mais ganhou os palcos da capital. Passados 23 anos, a peça volta à Sala Villa-Lobos, no Teatro Nacional, com coreografia revisada, figurino novo e a mesma música de Claudio Santoro na qual Gis;le bebeu para criar o balé. Brasília ano 1 ; uma evocação do primeiro ano como patrimônio da humanidade ; não chega a ser descritivo e tem atos nomeados com referências brasilienses. Lago Paranoá, Teatro Nacional e monumentos são dançados por um time de 12 bailarinos do Ballet Brasília. Para os solos, Gis;le convidou Edson Bezerra, ex-bailarino do Grupo Corpo e da Companhia de Dança Debora Colker. ;Assim como o céu inspirou Claudio (Santoro) na música, a arquitetura me inspirou a coreografia. Tem coisas mais clássicas e outras mais contemporâneas;, avisa.
Tocada pela Orquestra Filarmônica de Brasília, sob regência do maestro Claudio Cohen, a Suíte Brasília é uma mistura de peças compostas por Claudio Santoro e alinhavadas por Gis;le. Boa parte da obra foi imaginada para a trilha sonora de um filme sobre a cidade. O longa nunca foi filmado, mas a coreógrafa aproveitou os trechos e mesclou com composições até então inéditas. O filho Rafael cuidou de algumas intervenções eletroacústicas. Assim, em meio às melodias de Santoro, ouvem-se também ruídos de pingos de chuva e de serrotes numa tentativa de sugerir barulhos comuns durante os tempos da construção da cidade. ;A música é muito apaixonada, como tudo que o Claudio fazia. Tem coisas bem contemporâneas, tem a parte de música concreta que o Rafa fez e tem algo bem brasileiro, com frevo, samba;, avisa Gis;le.
BRASÍLIA ANO 1
Com Ballet de Brasília e Orquestra Filarmônica de Brasília. Coreografia: Gis;le Santoro. Música: Claudio Santoro. Hoje, às 21h, na Sala Villa-Lobos do Teatro Nacional. Ingressos: R$ 20 e R$ 10 (meia).