Apesar de assumir um tipo de ingenuidade momentânea durante o espetáculo infantil Parapapá, o grupo paulistano Parlapatões, Patifes & Paspalhões não pretende amolecer os ânimos, sempre focados em crítica social unida à palhaçaria. Prática que completa 20 anos em 2011. ;Nós não fazemos muitos espetáculos infantis. Mas esse é a história de um menino pobre que sonha em ir ao circo e não pode. Então, ele começa a fazer elaborações de como seria o espetáculo circense. Mantivemos nossas características, como o olho no olho com os espectadores e participação do público;, adianta Raul Barretto, ator que vive o papel do menino.
Parapapá, uma espécie de homenagem às origens do circo brasileiro, é realizada com brincantes e músicas que fizeram a história da arte circense no Brasil. ;O espetáculo foi elaborado em 2010 para fazer parte de um projeto chamado Circo Roda. Criamos uma lona de 720 lugares para viajar em turnê. Passaremos por Brasília, Rio de Janeiro e Curitiba;, adianta Barretto. Aqui, porém, o espetáculo será apresentado hoje e amanhã, às 17h, dentro do Teatro da Caixa Cultural.
No elenco, estão além de Barretto, Adonis Comelatto (palhaço), Hélio Pottes (palhaço gigante), Fabeck Capreri (apresentador;cantor), Lia Bernardes (apresentadora;cantora), Wallace Alcântara (acrobata e malabarista) e Nayara Nascimento (trapezista). E também os músicos Fernando Thomaz (bateria e percussão) e Daniel Xingu (violão e viola). Texto e direção são criação de Hugo Possolo, um dos pioneiros do grupo desde 1991.
[FOTO2]O humor ácido mora no DNA dos Parlapatões e não precisa de exame laboratorial para ser reconhecido. O grupo, formado durante as aulas na Circo Escola Picadeiro, costumava tomar as ruas de São Paulo como palco, numa medida de participação na renovação do teatro de rua da capital paulista. Depois migrou para espaços fechados e especializou-se em pesquisa de linguagem da mistura entre teatro e circo. Nesse meio tempo, eles conquistaram um palco particular, o Espaço Parlapatões, localizado na Praça Franklin Roosevelt, Centro de São Paulo.
Intocáveis
No repertório de mais de 30 espetáculos, muitas montagens são adaptações de textos considerados clássicos e, portanto, quase intocáveis. Em 1998, a tradução para o português do texto norte-americano The Cmplt Wrks of Wllm Shkspr (Abridged ); é escrito assim mesmo ;, de Jess Borgeson, Adam Long e Daniel Singer, virou ppp@WllmShkspr.br, resumindo todos os textos de Wiliam Shakespeare em 99 minutos, e alcançou sucesso de público. ;Como os textos são antigos, as pessoas têm a mania de empolar muito o Shakespeare. Mas ele foi um autor extremamente popularesco;, compara o ator.
Com tudo isso na bagagem, os Parlapatões participaram ativamente de uma espécie de renovação do circo no Brasil. No início, o intercâmbio entre palhaços estrangeiros e daqui era pouco frequente. Com o passar dos anos, o Brasil aumentou o número de festivais nacionais e internacionais dedicados à arte do riso. Rio de Janeiro, São Paulo, Paraíba e Distrito Federal já organizam eventos que incluem apresentações, oficinas e simpósios. ;O intercâmbio, sem dúvida, é muito importante para que se conheçam novas técnicas e novos profissionais. Certa vez, bancamos do nosso bolso a vinda do palhaço terrorista espanhol Léo Bassi para intervenções em São Paulo. Isso é muito importante;, reconheceu o ator Raul Barretto.
Parapapá! Circo Musical
Hoje e amanhã, às 17h, apresentação do espetáculo infantil do grupo Paralapatões, Patifes & Paspalhões no Teatro da Caixa Cultural (SBS, Q. 4, Lt. 3/ 4; 3206-6456). Ingressos: R$10 e R$ 5 (estudantes, pessoas com 60 anos ou mais, professores, clientes e empregados da Caixa e doadores de 1kg de alimento não perecível). Classificação indicativa livre.