Diversão e Arte

Apaixonada por Corcovado, Berry canta na Fnac e na Caixa Cultural

Nahima Maciel
postado em 21/03/2011 07:00
No álbum de estreia, Berry mistura influências da bossa nova e da literatura francesaNão se engane com a voz doce de Berry. Por trás da sonoridade aveludada dos vocais da cantora francesa estão palavras duras, encontros fortuitos e decepcionantes, perdas e, às vezes, amizade. Berry é Élise Pottier e começou a fazer música por acaso. O destino ajudou e a moça de 32 anos acabou no topo das listas de álbuns mais tocados, virou queridinha da música francesa e conquistou o prêmio Disco de Ouro por Mademoiselle, primeiro e único disco até agora. São as faixas dessa estreia que ela mostra, hoje, em pocket show na Fnac, e amanhã, no Teatro da Caixa.

Berry vem ao Brasil como convidada da Semana da Francofonia e está feliz da vida. Há muito ela encanta-se com Gilberto Gil, Caetano Veloso e Seu Jorge. Prefere a bossa nova ao samba e, no início do ano, entrou em estúdio para gravar o segundo álbum em companhia do arranjador e produtor brasileiro Eumir Deodato. ;Eu me sinto muito próxima da bossa, mas não do samba. Fiz uma música especialmente para as cordas de Deodato, que se chama Voir du pays, é uma bossa à francesa, inspirada em Corcovado, que é a música mais bonita do mundo para mim. Por isso, era um descobrir o Brasil, nos sentimos muito próximos desse feeling;, conta, por telefone, do estúdio em Nova York.

O ;nós; se resume a Berry, Lionel Dudognon e o compositor de jazz Manou. É nesse trio que começa a história da francesa. As músicas de Mademoiselle foram compostas em uma casa de campo no interior da França. Élise, que na verdade é atriz, estava desempregada e com uma filha de meses. Para descansar, ela e os amigos começaram a brincar de fazer música e gravaram as sessões, que foram parar nas mãos da mãe de uma colega de creche da garotinha, que trabalhava na Universal Music e levou o CD para o escritório. Daí para as lojas, foi tudo muito rápido.

Berry é um pseudônimo. Élise o escolheu para reverenciar a escritora George Sand, autora de textos apaixonados sobre a região francesa do Berry. As letras de Mademoiselle foram escritas pela própria cantora. Ela cultiva, desde a infância, o hábito de escrever pensamentos, mas nunca pensou em transformá-los em música até aquele verão em companhia de Manou e Lionel. ;Descobri que gostava de cantar cantando. Estava com 29 anos e fiz as músicas para passar o tempo;, conta.

Poesia
As letras nem sempre alegres são reflexo dos momentos vividos pela artista. ;A vida é muito dura às vezes, então, é normal que isso esteja nas canções. Talvez tenha feito para curar a mim mesma, esse disco foi para fazer bem a nós, então talvez seja por isso que tenha a mistura de doçura com melancolia.;

Na voz melancólica de Berry, versos como ;não tenha medo da felicidade, ela não existe;, de Le bonheur, e ;senhorita, eu tenho segredos, coisas não muito legais que andei fazendo;, da faixa que dá título ao disco, soam como baladas românticas acompanhadas de cordas e arranjos bonitinhos. ;Tento ficar realmente na intimidade, nos sentimentos pelos quais sou atravessada. Então, digo que sou atravessada também por essa sensação, não é descritivo, não é história, é só sensação.; A literatura também abastece o repertório de versos de Mademoiselle. Berry retoma a poesia Les heures bleues, de Paul Verlaine, em música homônima.

Na apresentação em Brasília, a banda não estará completa, o que interfere na roupagem das músicas. Será um show mais acústico e uma oportunidade para reinventar as músicas. ;Elas estão um pouco nuas e vamos redescobri-las;, diz a cantora. ;Na França fazemos uma apresentação mais rock, aqui será mais melodia, mais texto, algo bem depurado.;

BERRY
Pocket show, hoje, às 19h30, na Fnac (ParkShopping), com repertório do CD de estreia, Mademoiselle. Entrada franca. Amanhã, às 20h, no Teatro da Caixa (SBS, Q. 4). Ingressos: R$ 20 e R$ 10 (meia). Classificação indicativa livre.

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