Diversão e Arte

Questões dos jovens são discutidas por eles mesmos na peça Cinco

postado em 22/03/2011 07:30
Em uma manhã de sábado, cinco adolescentes chegam ao seu colégio para cumprir uma espécie de detenção. Eles são um cérebro, um atleta, uma esquisitona, uma princesa e um rebelde. Pelo menos assim eram vistos até então: ;Nos termos mais simples e nas definições mais convenientes;, como afirma um dos personagens. Porém a convivência forçada por algumas horas faz com que descubram ter muito em comum. Esse é o enredo da peça Cinco, que está em cartaz até 1; de abril no Espaço Cultural do Brasília Shopping.

Elenco da peça Cinco: texto adaptado do filme O clube dos cinco, de 1985O espetáculo, montado pela Cia. Teatral Néia e Nando, é uma adaptação do filme O Clube dos Cinco (1985), escrito e dirigido por John Hughes ; o mesmo do inesquecível Curtindo a vida adoidado (1986). Para quem passou pela puberdade nos idos da década de 1980 ; e gostava de ir ao cinema ;, aquele longa-metragem se tornou uma espécie de manifesto. Foi uma das primeiras vezes que se mostrou como adolescentes realmente falavam e pensavam.

Tudo bem que, naquela época, o mundo não havia sido tomado por Facebook e Twitter, e os celulares não eram os melhores amigos do homem. Mas, visto hoje, o filme soa tão comovente e, sobretudo, divertido quanto antes. Afinal, os jovens continuam às voltas com sexo, drogas e a necessidade de se sentirem pertencentes a algo. E a peça mantém a discussão em torno dessas questões, que parecem nos engolir vivos quando estamos na faixa dos 16 anos. ;Queremos criar uma catarse no público, por isso buscamos personagens de identificação rápida;, explica Nando Villardo, que codirige Cinco com Néia Paz. ;Os espectadores percebem que, se há a possibilidade de diálogo, mesmo sendo de tribos diferentes, as diferenças vão por água abaixo;, analisa.

[SAIBAMAIS]O texto, assinado por Similião Aurélio, reproduz falas e cenas inteiras do filme. A peça deve a quase totalidade de seus méritos ao que traz do filme. A grande ausência do enredo é a figura do diretor do colégio, o complexado Vernon, no original ; abrasileirado para Campelo. No palco, sua existência é apenas sabida porque se fala seu nome. Na telona, ela era o antagonista que servia na medida para que os estudantes se unissem. Afinal, o que seria mais instigante do que enfrentar a autoridade de um adulto?

Os cinco adolescentes são interpretados por Filipe Lima (o rebelde), Tainá Palitot (a princesa), Luana Proença (a estranhona), Tiago Ramade (o atleta) e Ricardo Villardo (o cérebro). Os atores têm entre 21 e 24 anos de idade e também são professores de artes cênicas para turmas dos níveis fundamental e médio.

A peça havia feito curta temporada em setembro de 2009. A montagem atual incorporou novas gírias e mudanças no figurino, assinado por Rubens Fontes. O cenário, também criado por Fontes, é formado apenas por cinco carteiras escolares.

O espetáculo também consegue se aproximar de seu público, graças à trilha sonora, recheada de Legião Urbana, Cássia Eller, Nirvana e Led Zeppellin.

Cinco

Da Cia. Teatral Néia e Nando. Até 1; de abril, às quintas e às sextas-feiras, às 18h. No Espaço Cultural Brasília Shopping. Ingresso a R$ 20 e R$ 10 (meia-entrada). Classificação indicativa: 14 anos. Informações: (61) 2109-2122

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