Diversão e Arte

Cinema popular em bairro carente do Rio de Janeiro é sucesso de público

postado em 26/03/2011 11:02
Rio de Janeiro - Em cinco meses de funcionamento, o Cine 10, primeiro cinema no padrão multiplex instalado em um hipermercado do bairro Jardim Sulacap, zona oeste do Rio de Janeiro, comemora sucesso absoluto de público. O empresário Adhemar de Oliveira, responsável pelo Cine 10, disse hoje (25) à Agência Brasil que mais de 150 mil pessoas já passaram pelo cinema.

;A resposta que a gente está obtendo é o que detectava em pesquisa. Muitas vezes, o pessoal fica falando somente do preço e mascara a questão que, para os espectadores que moram em locais que não têm cinema é fundamental, que é a distância;.

Oliveira disse ter percebido com essa experiência, iniciada em outubro do ano passado, que ;a satisfação da proximidade da casa do cidadão é maior do que a questão se é mais barato ou mais caro;. Embora o valor do ingresso no projeto seja diferenciado em relação aos cinemas tradicionais, a proximidade é o item que os espectadores acusam como primeiro fator de satisfação. ;Esse é o primeiro elemento que resgata, de certa forma, a diversão, como era antigamente, no cinema que era perto da casa de todo mundo;.

O Cine 10 inaugurou o programa Cinema Perto de Você, lançado no dia 23 de junho do ano passado pelo Ministério da Cultura e pela Agência Nacional do Cinema (Ancine), em parceria com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e o Ministério da Fazenda. O objetivo é ampliar a instalação de salas de cinema no país, aumentando as possibilidades de acesso por consumidores da classe C, residentes, em especial, em áreas de baixa renda.

Para Flávio Rodrigues, morador de Sulacap há muitos anos, o projeto ;é ótimo porque, antes, a gente tinha que se deslocar muito para bairros como Bangu ou Madureira [subúrbios do Rio]. Agora, praticamente, a gente atravessa a rua e já está no cinema. Ficou mais cômodo;. Salientou que o Cine 10 veio valorizar também o bairro, que estava ;carente de cultura;. E defendeu que o projeto se estenda a outros bairros da cidade.

Por estar dentro de um supermercado, o multiplex oferece total segurança aos espectadores, principalmente às mães, já que crianças e adolescentes são o público-alvo, relatou a gerente do empreendimento, Natália Ferreira. O perfil dos espectadores segue um padrão de distribuição por faixa etária: nas sessões da tarde, o cinema costuma receber crianças e idosos; os jovens frequentam no horário das 17 às 20 horas, enquanto o público adulto prefere os horários noturnos.

Tropa de Elite, de José Padilha, foi o filme de maior sucesso até agora em Sulacap, com 40 mil espectadores somente no primeiro mês de exibição. ;Os filmes brasileiros agradam e muito;, disse Adhemar de Oliveira. Isso se explica também, segundo ele, porque a produção nacional está se voltando aos segmentos mais populares. ;E isso tem obtido resposta;.

Ele considerou corretos os esforços para criar salas próximas a grandes núcleos residenciais na periferia das grandes cidades ou em municípios que não têm cinema. ;O Cinema Perto de Você acerta porque torna mais viável a colocação de salas nesses locais por abrir crédito diferenciado para esses empreendimentos;.

Outra característica do Cine 10 é a preferência do público por filmes dublados, principalmente os voltados às crianças e aos adolescentes. Oliveira afirmou que a experiência de instalar salas de cinema em locais incomuns, diferentemente dos shoppings centers, poderá estimular outros investidores a seguir o exemplo dele. ;É uma experiência muito rica, em um bairro onde o cinema mais perto estava a 11 quilômetros de distância, mais de uma hora de viagem de ônibus;.

Adhemar de Oliveira já está engatilhando o segundo Cine 10, a ser implantado no bairro do Limão, em São Paulo. Seu apetite, porém, para levar o cinema a um número maior de brasileiros carentes, vai além. Como o projeto se mostrou viável economicamente, o exibidor quer levar o Cine 10 para todo o Brasil. ;Vai depender da quantidade de financiamento;, disse ele. ;Sabemos fazer, sabemos operar. Mas, precisamos capitalizar;.

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