postado em 28/03/2011 08:02
Sábado de sol depois de vários dias chuvosos. Mesmo assim, muitos brasilienses trocaram os prazeres de estar ao ar livre para se enclausurar na exposição Mulheres, artistas e brasileiras, montada no Salão Oeste do Palácio do Planalto desde a última quinta-feira. Organizada pela Fundação Armando Alvares Penteado (Faap), com curadoria de José Luís Hernandez Alfonso, a mostra é uma coletânea de trabalhos das principais artistas plásticas brasileiras do século 20. Uma raridade vista com exclusividade pelo casal Obama durante a visita ao Brasil.A maior parte dos visitantes, que pacientemente esperava para passar pelo detector de metais, estava ali para conhecer de perto um dos ícones da pintura brasileira, a obra Abaporu (1928), da pintora modernista Tarsila do Amaral, o maior destaque da exposição. O quadro estava fora do país desde 1995 e teve de ficar guardado na caixa durante 24 horas antes de ser aberto até que a obra se adaptasse ao clima de Brasília.
Ver de perto esse ;visitante; foi o que motivou o aposentado Lélio Rodrigues, 76 anos, e a mulher Therezinha Lofego, 74, a convidarem o casal de amigos Odilon Borges, 69, e Ângela Raizer, 67, (capixabas de Vitória) para visitar a exposição. ;O Abaporu é famoso e renomado, mas o conjunto todo é muito raro. Não foi ele que mais me chamou a atenção. Fiquei mais impressionado com o Bandeira de farrapos. Comentava com o Odilon, que se fosse no tempo do ex-presidente Ernesto Geisel, a obra nunca seria exposta aqui;, observou Rodrigues sobre a releitura da bandeira nacional, costurada com peças de vestuário, feito pela artista Martha Niklaus em 1993. Já Therezinha e Ângela preferiram a delicadeza da arte dos quadros da paulista Djanira (1914-1979). Um dos quadros da artista (sem título) teve de ser retirado do gabinete da presidente Dilma Rousseff somente para a ocasião.
Estrelas
Conhecidíssimo no Brasil, o Abaporu não pareceu nada familiar para o espanhol Jose Maria Valls, 86, que está na cidade para visitar a filha Mercedes Valls, 46. ;Na verdade, eu não conhecia nenhuma das obras. Gostei do colorido dos quadros;, avaliou Valls ainda no começo do percurso, que incluiria a chance de conhecer trabalhos de importantes artistas brasileiras como as gravuras de Fayga Ostrower (1920-2001), um trabalho de Lygia Pape (1927-2004), Tomie Ohtake ou Anita Malfatti (1889-1964).
Foi justamente a reunião de tantas estrelas que chamou a atenção da radialista Adaílde Lima, 45. Ela leu uma notícia sobre a exposição num jornal no Amapá (onde vive) e aproveitou a visita a Brasília para o casamento da irmã para carregar a sobrinha Micaela Lima, 14, para uma espécie de aula divertida sobre cultura brasileira. A garota aproveitou a oportunidade com prazer: ;É um forma legal de aprender. Vai me servir muito na escola;, acredita a estudante da 8; série. A visita das duas foi curtinha, encerrada a tempo de fazer ainda o percurso dos monumentos na Esplanada e, de lá, correr para o salão de beleza para os preparativos da cerimônia de casamento.
MULHERES, ARTISTAS E BRASILEIRAS
Até 5 de maio, no Salão oeste (Palácio do Planalto, Praça dos Três Poderes; 3033-2929). Coletânea de trabalhos de Anita Malfatti, Tarsila do Amaral, Djanira e várias outras artistas mulheres de diferentes técnicas e períodos da arte brasileira. A visitação pode ser feita, das 10h às 16h.