postado em 31/03/2011 07:00
A simplicidade, às vezes, chama mais atenção do que a sofisticação, principalmente na hora do almoço, quando grande parte das pessoas quer mesmo é saborear um prato com jeito e gosto daqueles feitos em casa. Para quem precisa comer fora, mas não abre mão de uma refeição caseira, restaurantes da cidade apostam em receitas conhecidas, sem deixar de lado a preocupação com a qualidade dos ingredientes e os toques especiais que fazem a diferença.
Para o proprietário do Rosa;s Café (102 Norte), Ayrton Ferreira, o que mais caracteriza a cozinha caseira é o preparo em pouca quantidade, que garante maior qualidade à comida. Por isso, em seu restaurante, nada de panelas gigantescas para alimentar um batalhão. Ali, a comida preparada dá para, no máximo, 30 clientes. E, assim como em casa, quando acabou, não há possibilidade de repor. ;Em família, o comum é fazer a quantidade certa para os integrantes, com a intenção de não sobrar. Fazemos o mesmo aqui. Dessa forma, servimos a comida sempre fresca;, explica. Para manter a fidelidade do cliente, o cardápio ainda muda toda semana. ;Assim, ninguém enjoa.;
No almoço, são oferecidos dois pratos do dia e uma opção de grelhado, como bife acebolado, filé de sobrecoxa de frango e peixe. Os clientes podem se deliciar ainda com almôndegas com purê de batata, feijoada, moqueca e o básico omelete com arroz e feijão. Ferreira também diz que não abusa dos temperos, apostando no sal e na cebola e, em alguns casos, em ervas como manjericão, salsa e cebolinha. Além das opções caseiras, a casa serve pratos mais elaborados como nhoque pernambucano (massa de batata com molho de queijo de coalho e alho-porró) e espaguete à putanesca.
Provando que menos pode ser mais, o PF do restaurante Tête à Tête (Casa Park) ganha em número de pedidos até de pratos rebuscados feitos com cordeiros e camarões. Responsável por aproximadamente 70% das vendas, a combinação sai da cozinha com banana e ovo fritos, tomate picado, feijão tropeiro, filé acebolado e arroz branco. A proprietária, Maria Tereza Valença, explica que o sucesso se dá pela busca dos clientes por um sabor caseiro. ;Durante a semana, as pessoas querem algo simples. Foram os clientes que pediram um prato com ingredientes do dia a dia;, recorda.
Segundo Tereza, o processo de criação do PF passou por alterações, como, por exemplo, a adição do ovo e da banana. ;E tem gente que troca o tropeiro por feijão no caldo;, diz. A casa serve ainda o picadinho de filé ou de frango (com milho na manteiga, arroz e farofa) e estrogonofe de frango e filé.
Já na Confraria Chico Mineiro, a ideia é unir pratos mais elaborados com receitas cotidianas. Uma das sócias, Carol Abe-Saber explica que os temperos são leves, e as carnes, cozidas com pouca gordura. ;Como tem gente que come aqui todos os dias, temos que preparar pratos leves para o paladar diário;, conta. Entre as delícias, bife á milanesa, carne de panela, estrogonofe e pratos regionais como charque cozido, carne de panela e arrumadinho.
Mistura
A preocupação com os clientes é tanta que há restaurante servindo até mexido à noite. Na Cozinha das Minas (715 Norte), o prato, ali chamado de caol, é servido em panelinhas de ferro e com um detalhe especial: em vez de usar as sobras do dia, como é comum as pessoas fazerem em casa, todos os ingredientes são frescos. A dona do estabelecimento, Maria da Graça Alves, explica que cada item (arroz, ovo, linguiça de pernil apimentada, torresmo, feijão e couve) é preparado separadamente e misturados na hora de servir. ;É um prato completo e muito saboroso, bem ao tipo caseiro;, descreve.
Na casa da Tia Zélia, comandada por Zélia Santos, a oferta é sempre por pratos verdadeiramente caseiros, impressão transmitida também pela decoração do salão, com mesas e televisores remetendo à sala de casa. Das caçarolas, que, segundo ela, são areadas e limpíssimas, saem carne assada e de panela com legume, frango cozido ou assado com linguiça, baião de dois, costelinha de porco e o famoso pernil de panela. ;Foi esse prato que me fez conhecida em Brasília;, acredita.
O tempero da baiana de Buriti do Viana é tão saboroso que conquistou o estômago do ex-presidente Lula, que adorava saborear a rabada, o feijão tropeiro e o cuscuz da casa. ;O Lula elogiava também o meu arroz soltinho, com gosto de alho. Zélia conta que aprendeu a cozinhar quando era empregada doméstica e que hoje não segue nenhuma receita. Mesmo preparando as delícias caseiras, há espaço no menu para pratos como o arroz de bacalhau e de pato, o vatapá e a carne seca com abóbora.
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Receita
Caol da Cozinha das Minas
Ingredientes
; 100g de linguiça de pernil apimentada
; 3 ovos mexidos
; 100g de arroz cozido
; 100g de couve refogada
; 100g de feijão cozido e temperado
; 50g de torresmo frito
Modo de preparo
; Em uma panela, misture todos os ingredientes, menos o torresmo, e deixe esquentar. Quando estiver quente, desligue o fogo e coloque os torresmos. Mexa levemente e sirva.
Bife à milanesa
Ingredientes
500g de bifes finos de patinho, filé ou coxão mole
1 ovo
1 x de farinha de trigo
2 x de farinha de rosca
4 x de óleo
Sal, alho e pimenta-do-reino
Papel-toalha
Modo de preparo
Bata os bifes e tempere. Em prato, bata o ovo e reserve. Separe a farinha de trigo e a farinha de rosca em outros pratos. Passe o bife na farinha de trigo, depois no ovo e depois na farinha de rosca. Aperte bem para que as farinhas grude no bife. Deixe o o óleo ficar bem quente, coloque, no máximo dois bifes de cada vez. Quando estiver dourado, retire e escorra no papel toalha.