Diversão e Arte

Inauguração de mais dois cineclubes no DF amplia o acesso e a discussão

postado em 02/04/2011 07:00
Quarta-feira, às 17h, no Centro de Ensino Médio de Taguatinga Norte (Cemtn), 130 estudantes das turmas do 1; ano estão agitados para a estreia do cineclube do colégio. Era a primeira sessão desse tipo para Igor Alves de Araujo, 16 anos, e Juliana Cristina, 17. Os dois gostam de assistir a filmes de comédia, ação e terror em casa ou no cinema e estavam curiosos para ser iniciados. Ele torcia para que tivesse uma pitada de suspense. Ela não escondia a curiosidade. Juntos, não tinham experimentado sessões seguidas de debate crítico com a presença do cineasta em carne e osso. Luzes apagadas e algazarra generalizada. Luzes acesas e um belo puxão de orelha coletivo dado pelos professores para que todos se concentrassem. Deu certo, os alunos acompanharam a projeção com atenção.

Comum durante os anos 1970, os cineclubes cumprem até hoje a missão de educar e de capacitar plateias para os meios cinematográficos, instigando a formação de público mais crítico. O batismo dos alunos de Taguatinga foi precioso. Os tradicionais rituais cineclubistas foram seguidos em detalhes pela professora de história Elidete Teixeira e pela auxiliar de direção Raquel Batista, coordenadoras do projeto. Elas receberam treinamento dado pelo projeto Cine Mais Cultura, do Ministério da Cultura (MinC), para aprender como são feitas essas sessões. Foi por meio do Cine Mais que a escola recebeu os direitos de uso dos equipamentos necessários (projetor, aparelho de DVD, caixas de som) para o projeto válido por dois anos. ;O treinamento era de manhã até de noite. Sessões de cineclube eram simuladas entre os participantes;, relembra a professora.

Três curtas do cineasta de Brazlândia Antônio Balbino foram exibidos: Âmago (2008), Escolhas (2008) e Nefelibata (2010). Balbino ficou para o debate após a sessão, procedimento comum em se tratando de cineclubes. ;Meus filmes já tinham sido exibidos para adolescentes antes e sempre foram muito bem recebidos. Não existe a exigência por parte deles de que a técnica do filme seja perfeita;, analisou o diretor. A intenção dos debates é levar a plateia a refletir sobre a temática da obra e sobre o fazer cinematográfico. No caso do Cemtn, são 1.645 potenciais espectadores divididos em dois turnos. Ao longo do ano, todos poderão assistir a sessões, com realizadores locais ou com os títulos selecionados pela Programadora Brasil do MinC.

Filmes do Saracura
Do outro lado de Taguatinga, em meio a construções, no comércio nascente nos condomínios do Jardim Botânico, uma casa é destinada à cultura. O Mercado Cultural Piloto, centro criado e construído pelo ator e diretor J. Pingo, cumpre dupla função: servir de centro comercial do bairro e oferecer arte de qualidade. ;A cultura no Distrito Federal não está concentrada no Plano Piloto. Apenas a informação está lá. Trabalho como esse permite a descentralização da organização dessa manifestação, tudo feito sem quase nenhuma divulgação, nem apoio dos órgãos governamentais. Fazemos tudo na base da adrenalina e da convicção;, resume Pingo, ativista cultural de longa data.

No Mercado, há atividades culturais diversas. Há teatro, cinema e espaço para exposições de artes plásticas. A mais recente atividade feita lá foi a inauguração do Cineclube Saracura há duas semanas. Mantidas pela Associação de Movimentos Culturais, presidida por Pingo, as sessões acontecem aos sábados. Na inauguração, foram exibidos vídeos produzidos pelos cineastas brasilienses Gustavo Serrate e Rodrigo Luiz Martins. ;Esse grupo de cineastas já trabalhava com a gente. Em 2009, ganhamos o edital do Cine Mais Cultura e abrirmos para mais gente;, conta a coordenadora Andréa Gozzo.

O ativista cultural J. Pingo movimenta os sábados do Jardim Botânico
MERCADO CULTURAL PILOTO
Hoje, às 18h30, A casa do Mestre André, de Leo Sykes, A origem dos bebês segundo Kiki Cavalcante e Durval discos, ambos de Anna Muylaert. Entrada franca. Jardim Botânico, Condomínio San Diego, lote 9. Em frente à Escola Fazendária (Esaf). No cruzamento da Avenida Comercial com a Avenida do Sol.

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