postado em 14/04/2011 07:00
Rio de Janeiro ; Em um momento crucial de Velozes e furiosos 5 ; Operação Rio (Fast five), Dominic Toretto, vivido pelo astro e produtor Vin Diesel, abre os braços ; talvez uma menção descabida ao gesto solidário do Cristo Redentor ; e grita, respondendo às ameaças do agente do FBI Hobbs, interpretado pelo enorme Dwayne Johnson (o The Rock, ou A rocha, na tradução): ;Isto é o Brasil!”. A afirmação, dita numa espécie de baile funk glamorizado, ao ar livre, com abundância de bebidas, carros pomposos e tipos festeiros, provoca um pequeno alvoroço na multidão: os homens deixam por um segundo mulheres, drinques e volantes e sacam armas de fogo, prontamente apontadas aos agentes americanos. Este é o Brasil do quinto título da série de fitas de ação e perseguição Velozes e furiosos, iniciada em 2001: de mentira, inscrito numa fantasia máscula em que a violência parece não fazer vítimas inocentes.
O filme só chega aos cinemas brasileiros em 6 de maio, mas foi exibido (a cópia base) à imprensa nacional e internacional nesta semana. Elenco e produção estiveram na cidade, a trabalho, de microfones a postos para atender a mídia, e também a lazer, fazendo um tour em paradas turísticas. Apesar das sequências ambientadas no Rio e do português (cômico) de sotaque gringo do elenco, boa parte das cenas de ação foram rodadas em Porto Rico e nos Estados Unidos. Por isso, não estranhe o distanciamento de algumas locações: logo no começo, um trem viaja pelo deserto. Na ficção, a aridez é, sim, uma das paisagens da Cidade Maravilhosa.
De um dos vagões, Dominic, Brian O;Conner, papel novamente incorporado por Paul Walker, e sua namorada Mia Toretto, encarnada por Jordana Brewster, que até morou no Rio dos 6 aos 10 anos, furtam veículos luxuosos. Dom, para quem não se lembra da última continuação, tinha sido condenado a 25 anos de prisão. Mas Mia e Brian o livram das algemas já nas primeiras cenas. De volta à ativa, aceitam fazer o roubo do trem a pedido de Vince (Matt Schulze), amigo íntimo de Dom. Guiando um Ford GT 40, Mia exaspera os contratantes do serviço: no computador de bordo do veículo, um chip lista movimentações financeiras de cifras altas do chefe da quadrilha, o empresário corrupto Hernan Reis. Quem dá vida ao ricaço carioca, cujo patrimônio corrompeu até a força policial do estado ; exageradamente equipada, com viaturas elegantes ;, é o português Joaquim de Almeida.
Dom e O;Conner veem no pequeno chip uma grande oportunidade: roubar de um figurão US$ 100 milhões e deixar para trás a vida de pegas com a polícia e fugas arriscadas. Para isso, precisam de reforço. É aí que entra uma fila de coadjuvantes. Tyrese Gibson revive o falante Roman Pearce e o rapper Ludacris repete o personagem Tej, duas personas apresentadas no segundo filme, Velozes Furiosos (2003). Gal Gadot é a sexy Gisele Harabo, que atrai olhares constantes de Han (Sung Hang), outra figurinha conhecida (do terceiro título, Velozes e furiosos ; Desafio em Tóquio, 2006, e de Velozes e furiosos 4, 2009). Os porto-riquenhos Don Omar e Tego Calderon formam a dupla cômica da gangue, Rico e Tego, e também são rostos familiares.
Atrás da grana de Reis, Dom, O;Conner e Cia. destroem pelo menos metade do Rio. A megaoperação do agente Hobbs também não alivia na quantidade de disparos e carros capotados. Na confusão ensurdecedora de arrancadas, freadas, disparos, batidas musicais brasucas e estrangeiras, lutas e explosões, o diretor Justin Lin ; no comando desde o terceiro filme ; ainda encontra tempo para mostrar a metrópole vista nos noticiários, de favelas habitadas por sujeitos armados até os dentes e de desastres naturais, numa breve menção aos deslizamentos de terra ocorridos no início de 2010. A recente matança em Realengo talvez torne os excessos de Hollywood um tanto doloridos de se ver em tela grande. Mas Velozes 5 é diversão inofensiva.
O repórter viajou a contive dos estúdios Universal.
Relembre os anteriores
Velozes e furiosos (2001). De Rob Cohen
; Exemplar mais divertido, baseado vagamente num artigo de revista de Ken Li sobre rachas noturnos, coloca O;Conner (Walker) como policial disfarçado, que se embrenha nas corridas clandestinas de Los Angeles. Ele acaba fazendo amizade com Dom (Diesel) e se apaixonando por sua irmã Mia (Brewster). Com Michelle Rodrigues no papel de Letty, namorada de Dom.
Velozes Furiosos (2003). De John Singleton
; Sem Diesel e o ronco ruidoso de seu Dodge 1970, a sequência acompanha O;Conner, agora ex-policial e acusado de ter deixado Dom fugir, e Roman Pearce (Gibson), amigo de infância. Em Miami, a dupla está na cola do poderoso traficante Carter Verone (Cole Hauser). É o elo fraco da série.
Velozes e furiosos ; Desafio em Tóquio (2006). De Justin Lin
; A série toma novos rumos com Justin Lin e vai para a capital japonesa. Mesmo sem os astros Paul Walker e Vin Diesel, a mudança de ares renovou a série: mostra Sean Boswell (Lucas Black), sujeito que se mudou para o oriente para se livrar da prisão, envolvido nas corridas ilegais de drift (derrapagem). Diesel faz uma ponta.
Velozes e furiosos 4 (2009). De Justin Lin
; Era o que os fãs queriam: o retorno da dupla O;Conner e Dom. Situado entre o segundo e o terceiro, o quarto filme mostra policial e criminoso novamente irmanados, agora na luta contra um traficante de heroína que controla a fronteira dos Estados Unidos com o México. Letty (Rodriguez) também está de volta.
Atores bons de marketing
Na coletiva aos jornalistas brasileiros, armada no hotel Copacabana Palace, o elenco de principais e Neal Moritz, um dos produtores, falaram sobre as filmagens de Velozes & furiosos 5 ; Operação Rio, que aconteceram em novembro do ano passado no Rio de Janeiro. Várias cenas, apesar da ambientação na cidade brasileira, foram rodadas em Porto Rico. Moritz justificou a mudança de locação. ;Originalmente, tentamos filmar tudo no Rio. Mas achamos que as pessoas iriam nos odiar, porque a ação seria intensa, teríamos que ter liberdade total para isso. Mas ficamos determinados a fazer cenas aqui;, disse. Vin Diesel lembrou que a ideia de filmar na metrópole carioca nasceu no primeiro filme, lançado em 2001. ;Se vocês viram o primeiro Velozes e furiosos, tem uma cena em que a Letty fala que seria bom recomeçar as coisas num lugar como o Rio de Janeiro. Basicamente, foi lá que começou. Não pensamos que seria possível fazer um filme aqui. Mas isso se tornou real em 2010;, informou o ator.
Os astros não economizaram nos elogios à Cidade Maravilhosa. Paul Walker confessou ser fã do jiu-jitsu brasileiro e acredita que o país representa um grande mercado para o cinema de Hollywood. ;É um dos melhores e mais exóticos destinos. O estilo daqui é muito parecido com o meu. Amo o surfe, gosto da energia. E as coisas estão começando a acontecer aqui;, falou o apaixonado por carros. Vin Diesel esteve tão à vontade que até arriscou andar de bicicleta por calçadas da cidade. Ele também ficou encantado. ;Na praia, tem essas estações de musculação. Amei isso. Poderia ter isso nos Estados Unidos. É uma saúde que você não vê em outros lugares do mundo. E as pessoas aqui andam devagar. É um lugar muito lindo. Estou louco para filmar aqui de novo;, contou.
Questionada por uma repórter sobre a violência do filme, que mostra um Rio caótico e praticamente sem lei, Jordana Brewster afirmou não acreditar que o filme passa uma imagem negativa da cidade. ;Tem crime, mas não é por causa do Rio. É a história, o roteiro do filme. Achei que a cidade está linda, as mulheres, a música;, respondeu em português a atriz, que passou quatro da infância no Rio. Dwayne Johnson, um pouco tímido diante do microfone, falou pouco, mas disse estar deslumbrado com sua primeira visita ao país. ;Não estive quando o elenco filmou cenas aqui. O Rio é lindo, as pessoas têm sido acolhedoras e gentis. Brasil, obrigado;, disse o estreante na franquia, que interpreta um policial durão e divide a tela com Vin Diesel numa das principais cenas de ação no filme. ;Todos os dias de filmagem foram intensos. Estava perseguindo esses caras todo dia, em todas as cenas. Foi divertido para mim;, completou.