Diversão e Arte

Hamilton de Holanda e Orquestra Sinfônica presenteiam Brasília com especial

Irlam Rocha Lima
postado em 19/04/2011 08:00
<i>Ensaio geral: Hamilton (C) e os músicos da Sinfônica deram ontem os últimos retoques para o concerto de hoje à noite</i>
O aniversário de Brasília ganha hoje, às 20h, uma celebração erudita. Na Sala Villa-Lobos, Hamilton de Holanda, acompanhado pela Orquestra Sinfônica do Teatro Nacional e pelo Brasilianos, o grupo liderado por ele, lança a Sinfonia monumental, peça que compôs em 2009, gravada no ano passado e registrada em CD. O concerto, sob a regência do maestro Cláudio Cohen, é com entrada franca.

Bandolinista virtuoso, formado em composição pela Universidade de Brasília, Hamilton mostra sua visão da capital numa peça com 50 minutos de duração, dividida em cinco movimentos: Primeiras ideias, A marcha dos candangos, Prece ao santo céu, JK proibido e Caos e harmonia. Para tanto, ele teve a colaboração de outro músico brasiliense, o violonista e compositor Daniel Santiago, com quem dividiu a criação da Sinfonia monumental.

;No primeiro movimento, me reporto ao vazio da futura capital, na visão da Missão Cruls. O segundo busca mostrar a chegada dos pioneiros da construção da cidade. Depois, vem o ecumenismo religioso, resultado da presença de diferentes religiões e seitas no Planalto Central. O exílio de JK e a proibição de ele voltar ao lugar idealizado pelo ex-presidente estão presentes no quarto movimento. No encerramento, busco projetar a ideia de uma metrópole cosmopolita, que convive com os problemas e as coisas boas que advêm disso;, explica Hamilton.

A gravação do Sinfonia monumental foi feita em 5 e 6 de junho do ano passado, no Auditório da Casa Thomas Jefferson, por uma orquestra com 47 músicos e mais André Vasconcellos (contrabaixo), Márcio Bahia (bateria) e Gabriel Grossi (gaita) ; integrantes do Brasilianos ; e de Rafael dos Anjos (violonista do grupo Choro Livre). Hamilton destaca também a importância do trabalho desenvolvido pelo produtor Marcos Portinari, na realização do projeto. ;Esta foi a experiência mais ousada de toda a minha trajetória artística. É o resultado da vivência na cidade, desde a infância, traduzida numa linguagem musical ; da qual são sugeridos elementos do choro, do samba e do rock ;que vai além do universo em que estou inserido. Depois da sinfonia pronta, veio reflexão: como pode um tocador de bandolim ter a petulância de criar uma peça sinfônica? Tudo, porém, é sincero. Fui movido pelo sentimento de gratidão que tenho por Brasília, por tudo o que generosamente ela me proporcionou;, afirma Hamilton.

Suíte retratos
Faz parte do programa, também, a Suite retratos, criação do pianista e compositor gaúcho Radamés Gnatalli, na qual homenageia quatro pilares do choro: Pixinguinha, Ernesto Nazareth, Anacleto Medeiros e Chiquinha Gonzaga. Na execução, a Orquestra Sinfônica e Hamilton terão a companhia de Fernando César (violão), Rafael dos Anjos (violão), Pedro Vasconcellos (cavaquinho) e Valerinho (percussão).

Músico com carreira consagrada nacional e internacionalmente, Hamilton já tocou nos quatro cantos do mundo. No fim da semana passada ele retornou de uma série de apresentações no festival La Nuit des Virtuoses, realizado nas ilhas Reunião e Maurício ; arquipélago situado no Oceano Índico, na costa africana. Na próxima semana, o bandolinista e o pianista André Mehmari viajam para a Europa, onde os aguardam shows de lançamento do álbum Gismonti Pascoal ; A música de Egberto e Hermeto, na Alemanha, Finlândia e Irlanda.

Este disco, segundo o bandolinista, contempla e reverencia a obra de dois mestres da música popular brasileira, ;fonte de inspiração para músicos da nossa geração;. O repertório traz 15 músicas, sendo seis de Egberto, seis de Hermeto, uma de Hamilton (Menino Hermeto), uma de Mehmari (Chorinho para eles) e outra que os dois compuseram juntos, Para Gismonti e Pascoal.

;Debruçados em obras tão importantes e significativas, chegaríamos a repertório para dois discos. Nos ativemos, porém, a esse que traz, entre outras, Loro, Palhaço e Frevo (Egberto Gismonti), Bebê, Farol que nos guia e São Jorge (Hermeto Pascoal);, comenta Hamilton. ;Já fizemos o lançamento do CD em São Paulo e, na volta da Europa, iremos levar o show a outras cidades. Brasília, obviamente, faz parte do nosso roteiro;, anuncia.

Sinfonia Monumental
Concerto de lançamento hoje, às 20h, na Sala Villa-Lobos, apresentado pela Orquestra Sinfônica do Teatro nacional, Hamilton de Holanda e o grupo Brasilianos. Entrada franca ; sujeita à lotação da sala. Classificação indicativa livre.

; Estilo pop
Com a Sinfonia Monumental, a Orquestra Sinfônica do Teatro Nacional fecha a série de concertos intitulada Brasília, nosso cinquenta. Anteriormente, foram apresentadas as sinfonias compostas na década de 1960 por Guerra Vicente, Cláudio Santoro e Tom Jobim. ;Estas foram criadas quando a cidade surgia. A do Hamilton de Holanda, uma sinfonia concertante, com cinco solistas (os integrantes do quinteto Brasilianos) tem estilo pop. É a visão de um compositor representante da geração que cresceu com a capital e a viu tornar-se uma moderna metrópole;, explica o maestro Cláudio Cohen. ;Para a orquestra é um grande prazer poder tocá-la em primeira audição;, acrescenta.

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação