Diversão e Arte

Animação dirigida por Carlos Saldanha é sucesso nas salas de cinema

postado em 20/04/2011 08:00

Os voos vacilantes de Blu, arara-azul capturada no Rio de Janeiro e criada sob o frio de Minnesota, Estados Unidos, conquistaram rapidamente os olhos dos brasileiros. A animação Rio, do carioca Carlos Saldanha, estreou primeiro aqui, em mais de mil salas, e em 72 países. Na última sexta, chegou aos Estados Unidos e em outros 19 países. Beneficiado pelas sessões em 3D ; cerca de 30% do total ;, o filme quebrou recordes em seu fim de semana de estreia. E deve continuar arrasando nas bilheterias nacionais.

Nos três primeiros dias de exibição, 1,1 milhão de pessoas foram aos cinemas para conferir o colorido da Cidade Maravilhosa pincelado pelo roteiro (sempre estereotipado) de Hollywood. Esse público contribuiu para uma renda de R$ 13,7 milhões, segundo dados do site Filme B. Cifras do melhor lançamento de uma animação no país, a maior arrecadação em 2011 e a 10; maior abertura da história em número de espectadores. Em praças estrangeiras, também não decepcionou: arrecadou US$ 55 milhões, na abertura mais expressiva do mercado internacional em 2011. Nos EUA, foi a novidade com os melhores números do ano no fim de semana de estreia, com US$ 40 milhões.

Para o casal José Raimundo Carvalho e Sônia dos Reis, o sucesso não é surpreendente. Eles saíram de uma sessão vespertina no Kinoplex do Boulevard Shopping deslumbrados com o que viram na tela. ;Por mim, já ganhava o Oscar;, brincou Carvalho, 52 anos, professor. Sônia, 48, educadora de sotaque carioca, gostou da maneira como a produção dos estúdios Blue Sky, segmento de animação computadorizada da Fox, reproduziu o Rio de Janeiro. ;Está muito bem representado. Conta a história de forma divertida, com o carnaval. E mostra a realidade de forma lúdica. Com animação, você consegue passá-la para a criança;, apontou. O marido achou que o longa chegou na hora certa. ;É alegre, cultural, divertido. Estamos precisando de coisas assim;, elogiou. Cores vibrantes e trilha sonora carnavalesca ; com produção musical de Sérgio Mendes ; dão o tom da narrativa, que acompanha as descobertas de Blu no Rio de Janeiro.

Luiz Henrique com Myrella e Kauã: filhos escolhem os personagens favoritos
Pais e filhos

Luiz Henrique Marinho, 40, saiu de casa, no Cruzeiro, para ver Rio com os dois filhos, Myrella, 9, e Kauã, 4. Os irmãos saíram da projeção apontando seus personagens favoritos. Ela adorou a impetuosa Jade, arara-azul que, ao contrário do domesticado Blu, sabe bater as asas com velocidade suficiente para sair do chão e não troca a liberdade por nada. Ele se divertiu mais com Luiz, buldogue carinhoso e babão. O pai disse que a animação pode ajudar a construir uma imagem mais positiva do Brasil, mas sem dar as costas aos problemas urbanos. ;Achei fantástico. E diferente do que é passado sobre nós lá fora. Para as crianças, as coisas ruins ficaram bem colocadas;, comentou o supervisor técnico de concessionária de veículos.

Blu foi levado à cidade por Tulio (dublado por Rodrigo Santoro em inglês e português), especialista em aves, para se acasalar com Jade e garantir a sobrevivência da espécie. A intenção de Saldanha e da equipe de animadores é louvar o que o Rio tem de exuberante, com lembranças discretas à realidade social. Para os pequenos, vilões. Para os maiores, referências à insegurança e ao desrespeito à natureza.

A funcionária pública Priscila Muniz, 32, levou, literalmente, a família toda ao cinema. Marido, filhos, pai e mãe. Achou o filme bonito e autêntico. ;É muito benfeito. Aponta o lado ruim também, o sofrimento dos animais, um pouco da violência nas favelas. Mas o filme tem beleza e humor, mesmo tendo mostrado esse lado mais real. É triste quando os animais são capturados;, explicou. A filha mais velha, Camila, 7, foi ainda mais enfática: ;Gostei de tudo;. Gabriel, o caçula de 3 anos, entrou na sala devidamente preparado para curtir o filme. Nas mãos, bonequinhos de Blu e de Pedro, cardeal falante e amigo do canário Nico.

Carcílio, 61, pai de Priscila, identificou na história uma mensagem ambiental. ;Mostra que o tráfico de animais não compensa;, falou o psicólogo. A mulher, Neusângela, 52, preferiu as sequências que homenageiam pontos turísticos da metrópole. ;Os voos panorâmicos sobre a cidade são lindos;, destacou a servidora pública.

Saldanha largou por um instante planícies geladas de A era do gelo e se voltou para morros curvilíneos e calçadas ensolaradas, que dividem espaço com a areia do mar. Agora, vê Rio decolar mundo afora.

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