postado em 29/04/2011 09:33
Num clima de celebração, gerado pelo 15; aniversário, o Cine PE Festival do Audiovisual 2011 começa amanhã, com a presença do craque Pelé, homenageado pela participação em filmes como Fuga para a vitória (1981) e Pedro Mico (1985), além da atenção gerada por ele em documentários do peso de Isto é Pelé (1974). Na noite de abertura, haverá exibição do média Cine Pelé (fita inédita de Evaldo Mocarzel) e do curta Uma história de futebol (de Paulo Machline). Numa primeira noite rendida a reconhecimentos, o evento coloca em destaque o ator Wagner Moura (outro homenageado), antes mesmo do início da mostra competitiva, com largada a partir da exibição do bloco de cinco curtas-metragens. Ao todo, no festival orçado em R$ 1,5 milhão e estendido até 6 de maio, 29 curtas ; entre os quais, os brasilienses Falta de ar (de Érico Monnerat) e Braxília (de Danyella Proença) ; serão projetados, ao lado de seis inéditos longas escalados na disputa (em 12 categorias) dos troféus Calunga.
;É uma posição confortável, e não falo isso com soberba;, comenta o diretor Toni Venturi, que já tem distribuição assegurada para um dos longas no páreo, Estamos juntos. ;O filme fala da minha cidade (São Paulo), e é o primeiro mais contemporâneo que faço, num retrato polifônico de jovens e intensas vidas de personagens do século 21;, adianta.
Distribuição
Ansioso em ver ;como o filme reverbera no coração das pessoas;, o cineasta não contemporiza apenas quando o assunto é o problema estrutural histórico da distribuição de filmes. ;A produção, às vezes, é maior do que a demanda. Talvez não se trate de crueldade do mercado: nem toda a oferta (de filme) é boa;, comenta. Orçado em R$ 3 milhões, Estamos juntos estreia em 17 de junho no país. Com distribuição também assegurada, a comédia Família vende tudo (de Alain Fresnot) é outro título concorrente ao Cine PE que concentra exibições no Teatro Guararapes (Centro de Convenções de Pernambuco, Olinda).
Tendo a sensação de que ;voltou a fazer cinema como nos anos de 1970, num esquema cooperativo;, Luiz Carlos Lacerda (de Viva sapato) entra na disputa com o documentário Casa 9, produzido por amigos e pelo Canal Brasil. ;Por acaso, um dia, parei em frente à casa carregada de uma vibe hippie e louca em que morei, e me lembrei de histórias que ninguém sabe e que poderiam se perder. Decidi pelo filme. Foi lá que apresentei Jards Macalé a Nelson Pereira dos Santos (parceiros em O amuleto de Ogum); Vapor barato foi composta lá, por Waly Salomão e Macalé, e lá abrigamos o Robert Feinberg (amigo de Andy Warhol), que dirigiu Em busca do paraíso;, relata o cineasta, que já teve como temas anteriores o Living Theatre e o artista plástico Victor Arruda.
Público
;O grande prêmio do Cine PE é a exibição num ambiente em que as pessoas sentam até no chão para assistir. É uma plateia diferenciada que nem sempre ;bate palminha; ; um pessoal que não faz média, e também não vaia, por ser de um nível bacana;, completa o diretor. Cerca de 3 mil pessoas, a cada noite, são esperadas no festival, que traz longas como Casamento brasileiro (a volta de Fauzi Mansur, reconhecido por variadas fitas eróticas), JMB, o famigerado (documentário de Luci Alcântara, centrado no poeta e agitador cultural Jomard Muniz de Britto) e Vamos fazer um brinde (da dupla Cavi Borges e Sabrina Rosa).
O 15; Cine PE contará, na programação, com dois outros documentários, em caráter hors-concours: Augusto Boal: o Teatro do Oprimido (de Zelito Viana) e O rochedo e a estrela (assinado pela pernambucana Kátia Mesel, empenhada no mapeamento da formação de parte do povo brasileiro).
Além da presença de outros homenageados, como os atores Chico Diaz e Camila Pitanga e a montadora de filmes Vânia Debbs (de Deserto feliz), personalidades como o crítico de cinema Amir Labaki (organizador do festival É tudo verdade), o diretor Joel Zito Araújo (de Filhas do vento) e o ator Marco Ricca estão confirmadas no júri do evento.