Nahima Maciel
postado em 03/05/2011 08:00
A agenda de João Carlos Martins está entre as mais movimentadas da cena de música erudita brasileira. Só este ano, o maestro e pianista regeu 52 concertos, uma média de 10 por mês. Hoje será a vez do 53;, uma espécie de preparação para a temporada internacional marcada para o segundo semestre. Martins rege a Orquestra Sinfônica do Teatro Nacional Claudio Santoro (OSTNCS) com um programa dedicado a Ludwig van Beethoven, a mais recente obsessão do maestro.
Em Brasília, Martins conduz a orquestra pelos quatro movimentos da Sinfonia n; 7, menos popular, porém mais visceral que a famosa nona. Beethoven escreveu nove sinfonias, todas em ordem cronológica. A sétima é a antepenúltima e também aquela na qual o compositor experimentou uma mistura complexa de elementos clássicos e românticos. A peça contém todos as características que fazem da nona e da quinta, as duas sinfonias mais conhecidas e tocadas de Beethoven, melodias tão cantaroladas mundo afora. Não é a primeira vez que a orquestra brasiliense executa a peça. Em 2010, a obra fez parte do repertório realizado pelo então regente titular Ira Levin.
Martins quer fazer com a peça exatamente o que fez a vida inteira com a obra de Johann Sebastian Bach, do qual gravou a obra integral para teclado. ;Tenho humildade para saber quem sou eu perante Beethoven, mas na hora de reger vou tentar colocar minha marca;, avisa. ;A sétima é um Beethoven que vai avante no romantismo, mas com algumas características do barroco.;
Recital
Para 2012, Martins pretende gravar o ciclo completo de sinfonias de Beethoven com a Filarmônica Bachiana, da qual é regente titular. O programa para Brasília inclui ainda Libertango (Piazzolla) e o tema do filme Cinema Paradiso tocados ao piano. Além do concerto no Teatro Nacional, Martins realiza recital no Salão Negro do Congresso Nacional com o quinteto da orquestra em comemoração aos 188 anos do parlamento brasileiro.
Também no próximo ano, o maestro será tema de filme. João, de Bruno Barreto, é a terceira produção sobre a vida do músico, que já foi tema de dois documentários. Dessa vez, a saga de Martins ; que perdeu o movimento das duas mãos em sucessivos acidentes e doenças após ser considerado um dos mais importantes intérpretes de Bach do século 20 ; servirá de base pare o roteiro de um longa biográfico com Rodrigo Santoro no papel principal. ;O roteiro fica pronto este ano e as filmagens devem começar em maio do ano que vem;, avisa o maestro. Ainda este ano, ele abre a temporada do Lincoln Center, em Nova York, com a Filarmônica Bachiana e um repertório ;muito louco;, que inclui Vivaldi, Gershwin, Villa-Lobos e Guerra Peixe.
Orquestra Sinfônica do Teatro Nacional Claudio Santoro
Regência de João Carlos Martins. Hoje, às 20h, na Sala Villa-Lobos do Teatro Nacional. Entrada gratuita mediante retirada de ingressos na bilheteria. Concerto do maestro e do quinteto da Orquestra Sinfônica. Hoje, às 12h30, no Salão Negro do Congresso Nacional.