Diversão e Arte

"Hollywood no Cerrado" conta saga de atrizes norte-americanas em Anápolis

postado em 04/05/2011 08:05
Muita gente vai achar que é história de ficção. Mas a premissa do documentário Hollywood no Cerrado é verdade. Joan Lowell, Janet Gaynor e Mary Martin eram atrizes do primeiro time do cinema mudo norte-americano quando resolveram trocar o star system de Los Angeles pelo sistema bruto do interior do Brasil, durante a década de 1950. Em Anápolis ; GO (distante 152km de Brasília), elas viraram fazendeiras e se misturaram aos cidadãos anapolinos para deixar uma marca, somente agora narrada pelo cinema.

O resgate da história dessas atrizes foi feito pelos cineastas e professores da Universidade de Brasília (UnB) Armando Bulcão e Tânia Montoro, codiretores do documentário. Tânia nasceu em São Paulo, mas passou boa parte da infância em Anápolis. Ouvia o povo falar sobre as moradoras ilustres com curiosidade infantil da cinéfila em formação. ;Anápolis era uma cidade moderna, contemporânea. Quase ninguém sabe, mas a cidade tem uma tradição cinematográfica grande. Existiam muitas salas de cinema lá. Quando eu era pequena assistia a várias sessões no mesmo dia no Cine Vera Cruz, Majestoso e Imperial. A minha cinefilia começou assim;, resume.

Feito dois desbravadores, os cineastas voltaram aos prováveis locais onde as atrizes haviam construído mansões babilônicas no meio do Cerrado. Encontraram as construções em ruínas. Mas um mosaico formado pela memória dos que conviveram com as estrelas possibilitou a montagem da história feita com depoimentos de mais de 30 pessoas. Entre eles, o Dr. Ivan Roriz, dono de boa parte dos cinemas da região, e da atriz Eliane Lage, que também optou por morar no interior do Brasil. ;É uma história feita de causos. A estrutura é mosaica, narrada de forma rápida. A ideia era montar uma enciclopédia mesmo e não explicar tudo;, reflete Bulcão. De fato, a narrativa abre-se em diversas abas com alguns eixos norteadores.

Tânia Montoro e Armando Bulcão: um mosaico de

Amizade

Da pesquisa que teve participação do pesquisador cerratense Paulo Bertran (autor do livro História da terra e do homem do Planalto Central, entre outros) até a conclusão da fita com patrocínio do Fundo de Apoio à Cultura (FAC) se passaram oito anos. Infelizmente, Bertran não pode ver o resultado final. ;Nós éramos amigos desde criança. Ele morreu um pouco antes da conclusão. Foi um prazer ter trabalhado com ele e com Nena e Victor Leonardi durante a pesquisa;, agradeceu a professora Tânia. ;É uma história de ocupação do Planalto Central anterior à criação de Brasília. Existiam imigrantes japoneses, judeus, árabes; As atrizes são só a cereja do bolo desse fluxo de imigração. Ao mesmo tempo, recuperamos a história dos cinemas das cidades do interior que hoje estão praticamente extintos;, enumera Bulcão.

A fita abriu a primeira noite do 1; Anápolis Festival de Cinema, em 12 de abril deste ano. ;Foi uma honra muito grande iniciarmos o primeiro Festival de Cinema da cidade em que se passa a história do documentário. Foi uma sessão emocionante;, definiu a cineasta.

Hollywood está inscrito em outros festivais. Uma participação deverá ser feito o Festival de Cinema Brasileiro de Miami, em setembro. Por enquanto, está fechada a exibição em várias escolas públicas e universidades de Goiás e Distrito Federal. O DVD estará disponível para venda até o fim do ano.

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