postado em 10/05/2011 15:14
A cantora com nome de passarinho que surgiu doce e frágil em 2009, no álbum Sweet jardim, não está mais sozinha. Correu o mundo com o show do disco de estreia, teve uma filha e encheu a casa de amigos. Alguns deles, como Tulipa Ruiz, Thiago Pethit e Hélio Flanders, ela tratou de levar para seu segundo CD, A coruja e o coração, que está lançando pela Warner. Um disco com a delicadeza e a doçura do primeiro, mas que reflete outro momento da vida de Tiê. Bem menos melancólico.;Fiz o primeiro disco em casa, sozinha, eu e o violão;, ressalta a paulistana de 31 anos. ;No segundo, as músicas vieram quando eu estava em turnê, num momento mais na rua, com outro clima. Além disso, teve a maternidade; Sabe uma pessoa que carregava uma bolsa e passou a ter 30 bolsas pra levar? Por causa do bebê, fiz mais festas, passei a receber os amigos em casa ; o que fez de A coruja e o coração um disco mais cheio de amigos também. Ele traz a mesma sinceridade de Sweet jardim, mas representa outra fase. Uma fase mais cheia de vida.;
Neta da atriz Vida Alves (aquela que deu o primeiro beijo na tevê, em Walter Forster, na novela Sua vida me pertence, da Tupi, em 1952), filha de uma artista plástica e de um dentista da Funai, Tiê trabalhou como modelo (começou aos 12, e aos 13 já estava no Japão), foi bailarina, produtora de shows em Nova York, atriz na novela Tocaia grande (da Manchete) e dona de um café-brechó em São Paulo. Como cantora, durante um bom tempo dividiu-se em duas: a ;santinha;, backing vocal de Toquinho, e a ;loucona;, parceira de Dudu Tsuda no projeto Cabaret, num badalado clube paulistano, o Vegas. Como não era santa nem louca, encontrou sua turma quando se descobriu compositora.
Tiê demorou a encontrar o caminho. Tinha tentado fazer uma canção aqui, outra ali, mas as primeiras músicas (pra valer) só vieram uns três anos atrás, quando ela se recuperava de uma doença no pulmão (que a deixou seis meses sem trabalhar). Sozinha em casa, acabou aprendendo a tocar violão e piano e a fazer canções cruas, simples, com letras autobiográficas. Sweet jardim, com 10 faixas autorais, gravadas com pouquíssimos instrumentos (tocados por ela), representava bem esse momento solitário.
Já A coruja e o coração ; o título, ela conta, vem do fato de ser um disco que fala de amor, de proteção (há um ano e meio, Tiê é a mãe-coruja de Liz) ; traz 11 faixas, a maioria delas com bateria e percussão (algumas têm até banjo). Na varanda de Liz, a que abre o CD, é uma letra de Tiê e João Cavalcanti (da banda Casuarina) com música de Plínio Profeta, o produtor dos dois álbuns da cantora, que também a acompanha nos palcos desde o início. ;Plínio é mais do que um amigo, a gente tem uma parceria muito forte. É incrível trabalhar com ele. Fácil e divertido;, comenta Tiê. Com Plínio, ela fez outras duas canções do álbum: Piscar o olho e Perto e distante (esta, gravada com a participação do uruguaio Jorge Drexler).
Marcelo Jeneci, outro ;querido;, toca acordeom em Só sei dançar com você, música de Tulipa Ruiz que Tiê fez questão de gravar. Assim como Mapa-múndi, do amigo Thiago Petit (que aqui aparece no coro), parceiro também em Hide and seek, registrada com o convidado Hélio Flanders (vocalista do Vanguart). ;Só sei dançar e Mapa-múndi são canções que admiro, de pessoas que acho fora de série. Foi uma forma de mostrar meu apreço, minha admiração por eles (Tulipa e Pethit). Em vez de gravar músicas lindas antigas, resolvi gravar músicas novas dos dois.;