Mais do que uma curtição, tocar as músicas dos Beatles virou ofício para os integrantes da banda Beatlemania. Há uma década, eles fazem o circuito de bares e casas noturnas no Distrito Federal e em cidades do Centro-Oeste. Para três dos músicos do grupo, no entanto, o repertório de John, George, Paul e Ringo já não era suficiente. A vontade de dar vazão às próprias canções fez surgir uma nova banda. O trio Déi, Neno e Pira, ou DNP, fez os primeiros ensaios no começo de 2010 ; seguidos, logo depois, de shows. Em pouco tempo, eles já tinham o repertório para um disco. Batizado de Nada de novo debaixo do Sol, o CD será lançado, no sábado, no Sesc Ceilândia.
O nome da banda, conta o baterista, vocalista e letrista Osmi Vieira, o Neno, faz alusão às clássicas formações do rock setentista, como Emerson, Lake and Palmer (ou ELP). ;Tem gente que acha meio cafona a coisa de sigla, mas a gente quis fazer uma referência a esse período. Só não sei se todo mundo capta essa intenção;, comenta Neno, 40 anos. Mas se o nome não deixar isso claro, basta uma audição do disco para perceber que a praia deles é o rock clássico.
Os Beatles, como não poderia ser diferente, são a referência mais evidente no som do trio. Além deles, Neno cita Pink Floyd e Cream como influências determinantes na sonoridade do DNP. ;Das bandas brasileiras, gostamos muito de O Terço e 14 Bis;, ele continua. ;E, sem dúvida, o Clube da Esquina, com aquelas harmonias vocais deles;, acrescenta o vocalista, guitarrista e letrista Oldair Vieira, 39, o Déi ; também produtor do disco. Neno ainda reconhece uma banda local, a Terno Elétrico, como uma grande inspiração para eles: ;Essa banda ajudou a manter acesa a chama do rock;n;roll em Ceilândia. Um dos motivos de termos montado o DNP foi ter conhecido o Terno Elétrico;.
Desafios
Graduado na escola Beatles, o trio desenvolveu um gosto por canções melodiosas, com refrãos de efeito imediato. Tudo em Nada de novo debaixo do Sol tem aquele sabor pop tão comum no rock ;das antigas;. As letras abordam questões existenciais (amor, espiritualidade, relações humanas, a busca da felicidade;). Tudo com leveza.
Ainda que a gravação das 10 faixas do disco tenha sido feita em digital, Déi, Neno e o baixista Eduardo ;Pira; Pirangi entraram em estúdio para registrar as músicas à moda vintage. ;Chegar à sonoridade do disco foi um desafio. Tentei usar a menor quantidade de recursos modernos possível e explorar mais os timbres dos amplificadores;, explica Déi.
Mas desafio mesmo, conta Neno, foi encarar o público. ;Tínhamos receio da reação das pessoas. Ainda mais quando elas estão acostumadas a te ver tocando músicas de medalhões. Mas acredito que conseguimos driblar isso nas primeiras apresentações. Em uma ocasião, tocamos as nossas músicas e dois covers, um de Cream, outro de Bob Dylan. Um cara veio conversar com a gente depois do show e disse que gostou muito mais de ouvir as nossas composições do que os covers. Isso nos deu confiança;, relata o baterista.
Com o disco lançado, conseguir shows passa a ser o desafio da banda. ;Estamos buscando novos espaços para a música autoral em Ceilândia. E o DNP não está sozinho nessa, estamos junto com o Clube do Som, nossos parceiros no lançamento do disco;, avisa Neno.
DNP
Show de lançamento do disco Nada de novo debaixo do Sol. Sábado, às 21h, no teatro Newton Rossi (Sesc Ceilândia ; QNN 27, Área Especial). Ingressos mais CD: R$ 10 Classificação indicativa livre. Informações: 3379-9586.