Agência France-Presse
postado em 21/05/2011 17:24
Se depender de críticos de todo o mundo, a cobiçada Palma do Festival de Cannes, feita de 118 gramas de ouro amarelo, deve ser entregue no domingo ao finlandês Aki Kaurismaki, que recebeu o Prêmio da Crítica neste sábado pelo filme "Le Havre", mas o júri poderá causar uma grande surpresa ao escolher um outro vencedor.O Prêmio da Crítica para "Le Havre" é um bom presságio para Aki Kaurismaki, que agradou com uma fábula divertida sobre a solidariedade com os imigrantes, que disputa a Palma de Ouro no domingo.
Esse prêmio é atribuído pelo júri da Federação Internacional da Imprensa Cinematográfica (FRISPECI).
Na seleção (oficial) "Um Certo Olhar", o júri premiou "L;Exercice de l;Etat", de Pierre Schoeller, que explorou cinematograficamente a política francesa, acompanhando um ministro em meio ao turbilhão do poder.
Nas mostras paralelas, a crítica internacional premiou "Take Shelter", apresentado na Semana da Crítica, segundo filme do americano Jeff Nichols, de 32 anos, que narra as tormentas de um homem desestabilizado por sua obsessão por tornados.
Voltando para a mostra competitiva, "Le Havre" enfrenta a concorrência de um outro longa-metragem que também leva à tela luz e otimismo: "Le Gamin en Velo" ("O menino na bicicleta"), dos diretores belgas Jean-Pierre e Luc Dardenne, ganhadores da Palma de Ouro em Cannes em 1999 e em 2005.
Os Dardenne, que participam pela quinta vez desde 1999 da disputa em Cannes, retratam Cyril, um menino de 11 anos que procura por seu pai, que não quer assumir sua responsabilidade paterna. Em seu desespero, o pequeno encontra em seu caminho Samantha, interpretada pela atriz belga Cecile de France, que como uma fada madrinha se propõe a ajudá-lo.
A um dia do encerramento do festival - e logo após terem caído por terra as expectativas do diretor dinamarquês Lars von Trier, que afirmou "compreender" Hitler - também se apresenta como favorito ao prêmio máximo o filme mudo e em preto e branco "The Artist" ("O Artista"), do francês Michel Hazanavicius.
A admirável história, que fala sobre as estrelas do cinema da década de 20 em Hollywood quando surge o som nas telas, conquistou aplausos dos jornalistas ainda durante sua exibição.
As estrelas deste inteligente roteiro, a argentina Berenice Bejo e o francês Jean Dujardin, foram apontados pela crítica como fortes candidatos ao prêmio de melhor ator e atriz.
Hazanavicius, que rodou seu filme em Hollywood, apresentou em Cannes um filme onde a imagem e a emoção ocupam o lugar principal, recebendo dos jornalistas elogios como "uma pérola rara".
"The Artist" não havia sido escolhido a princípio para participar da competição oficial do Festival e, portanto, a conquista da Palma de Ouro seria algo inimaginável há poucas semanas,
Os críticos franceses qualificaram de obra-prima o filme "Tree of Live" ("A Árvore da Vida"), do misterioso diretor norte-americano Terrence Malick, e o escolheram como o vencedor da Palma de Ouro.
Produzido e estrelado por Brad Pitt, o filme - que combina belas imagens da criação do universo com as experiências de um garoto de dez anos de idade que cresce sob a educação de um pai autoritário - dividiu a crítica, mas muitos asseguram a ele um prêmio em Cannes.
Surgiu também no penúltimo dia um outro favorito: o filme do italiano Paolo Sorrentino, "This must be a place", com o astro Sean Penn no papel de um excêntrico roqueiro, um dos favoritos ao prêmio de melhor ator.
Alguns críticos também não descartam que o filme do diretor dinamarquês Winding Refn, "Drive", que conta a história de um piloto de automóveis de Los Angeles que se vê no meio de uma confusão com a máfia, pode conquistar um bom prêmio em Cannes.
Com tantas apostas, a Palma de Ouro novamente escapará das mãos do espanhol Pedro Almodóvar, asseguram alguns jornalistas, que não foram conquistados pelo seu "La Piel que Habito" ("A pele que habito"), um thriller de vingança com pitadas de humor fresco e irreverência.
No entanto, todos os prognósticos podem ser derrubados no domingo, como no ano passado, quando o júri concedeu a Palma de Ouro ao filme do tailandês Apichatpong Weerasethakul, por "Uncle Boonmee Who Can Recall His Past Lives" ("Tio Boonme pode recordar suas vidas passadas") .