postado em 27/05/2011 09:24
Revólveres, espadas japonesas, cordas para enforcamento, uma gigantesca linha de venenos e até iguarias sofisticadas, como bombons recheados com poções fatais. De tudo se encontra em A loja dos suicidas, peça que o BR S.A. ; Coletivo de Artistas encena até domingo, no Teatro Plínio Marcos, do Complexo Cultural Funarte. Livre adaptação do livro homônimo, lançado pelo escritor francês Jean Teulé, a montagem mistura influências variadas, ao adicionar pitadas da estética do cineasta Tim Burton, de A família Addams, da animação Mary & Max, dirigida por Adam Elliot, além do conto Um dia ideal para o peixe-banana, de Seymour Glass. ;Mantivemos a estrutura principal do livro de Teulé, sobre essa família que há mais de 10 anos vende produtos para o suicídio, mas mudamos e atualizamos alguns diálogos;, destaca o diretor do espetáculo, Denis Camargo. Ele descobriu a obra por acaso, enquanto folheava livros num aeroporto, quando voltava de um evento que se apresentou com seu palhaço, o Risadinha. ;Já estava procurando algo para montar, vi o título, achei que seria interessante e comprei. Além da adaptação brasiliense, o livro de Teulé já foi transformado em peça teatral na Espanha. Uma animação que recria a história também será lançada, no ano que vem. Seguindo os moldes da versão cinematográfica, a montagem local também investirá em uma linha que equilibra o clima sombrio com um humor sutil.
Depois de ler, passei para o grupo, e todo mundo aprovou;, conta. A história coloca uma lente de aumento na família Tuvache, que toma conta da loja e vive uma vida soturna, sombria, sem espaço para sorrisos e afetos. Quem destoa do cenário é o filho mais novo, que traz luz a essa penumbra. ;Achei a temática impactante e difícil de lidar, mas fiquei feliz com a forma como o autor constrói as imagens, sem ser maniqueísta, sem a relação do bem e do mal;, avalia.
O figurino seguiu a linha lúgubre, com tecidos em cores frias e cortes inspirados em estilistas internacionais. A trilha sonora é executada ao vivo por Pedro Miranda, que toca violão e manipula os áudios já gravados, um misto de sonorizações e ambientações que vão do Requiém, composto por Mozart, ao som de uma fanfarra. Na composição do cenário, que aposta em elementos surreais e linhas tortas, foram usados centenas de frascos de vidro vazios, doados pela comunidade. Um e-mail circulou entre amigos e conhecidos, pedindo que o material fosse doado e a resposta foi imediata. Só a tia de uma das atrizes doou 90 frascos. O resultado é uma prateleira abarrotada, com os líquidos mais letais da loja.
A LOJA DOS SUICIDAS
Espetáculo do grupo BR S.A. ; Coletivo de Artistas. Hoje e amanhã, às 21h; domingo, às 20h, no Teatro Plínio Marcos do Complexo Cultural da Funarte (Eixo Monumental ; atrás da Torre de TV ; 3322-2025). Ingressos a R$ 20 e R$ 10 (meia). Não recomendado para menores de 14 anos.