[FOTO1]Integrantes da companhia teatral De 4 É Melhor, os atores Bernardo Felinto, Fabianna Kami e Márcio Minervino andam rindo à toa. Afinal, a meta traçada por eles se concretizou mais rápido do que o esperado. Depois de ultrapassar a marca dos 40 mil espectadores em Brasília, eles decidiram investir no mercado mais próspero da comédia nacional: o Rio de Janeiro. E não sonhavam com nada menos que um espaço nobre, em horário também nobre. Começaram a temporada da peça Não durma de conchinha às quartas e quintas, às 21h, mas, logo na primeira semana, receberam o convite para ocupar as sextas-feiras e os sábados, às 23h. ;O dono do Teatro dos Grandes Atores, onde conseguimos a pauta, nos disse que gostou da peça, achou a cara da Barra da Tijuca;, conta Bernardo Felinto.
O começo foi próspero: na sessão de estreia, metade da casa já estava lotada, fazendo valer os R$ 30 mil que o grupo investiu em divulgação, para atrair o público da cidade, que poderá assistir ao espetáculo até o fim de julho, caso o contrato não seja renovado. ;O carioca tem o hábito de ir ao teatro, mas vai mais nos fins de semana, por isso queríamos batalhar esse horário;, afirma Fabianna Kami, outra integrante da companhia.
Antes da mudança de sessão, o grupo começou a perceber a conexão com a plateia, que ganhou piadas adaptadas à realidade local. Na cena de um casal em crise, por exemplo, o apartamento comprado em Águas Claras é transportado para a Vila do Pan. ;Aqui em Brasília, a cidade já nos conhece. Começamos o espetáculo com o público a favor. No Rio, eles não têm referência nenhuma. Se fosse futebol, a gente começaria no zero a zero, mas eles embarcam de imediato;, garante Fabianna.
Antes da experiência no Rio de Janeiro, eles haviam ensaiado uma ;expansão de território;: no ano passado, ficaram em cartaz em São Paulo por três meses. ;Mas todo mundo fala que o Rio de Janeiro é mais adepto da comédia;, justifica a atriz. ;São Paulo é mais cult, enquanto nossa comédia é mais rasgada, mais aberta, e o Rio recebe melhor esse gênero;, destaca Bernardo Felinto.
A estratégia de sair da cidade faz parte do plano de se espalhar pelo país. Nada contra o público de Brasília, garante Felinto. Apenas a noção de que o Rio é a Broadway brasileira, portanto passagem obrigatória para alcançar prestígio nacional. Única mulher na trupe de comédia, Fabianna vê a mudança de ares como uma vantagem até mesmo para a produção interna do De 4 É Melhor. ;É importante sair também pela evolução do texto, pela melhora na atuação. Quem quer melhorar, sai do próprio mundinho e se expande;, defende.
Mas o grupo garante que, independentemente do sucesso no eixo Rio;São Paulo, Brasília continuará sendo a casa deles. ;Não vamos abandonar Brasília em nenhum momento;, declara Fabianna. ;A cidade é nossa segurança. A gente joga as peças e sabe que vai dar público;, diz Bernardo. Prova disso é que as sessões de sábado e domingo serão adaptadas para continuar em cartaz. A partir deste fim de semana, o grupo coloca em prática o projeto De 4 É Melhor Convida. A cada sábado, dia em que eles estão em cena no Rio, uma companhia local ocupa o espaço deles no teatro (Edson Duavy é o primeiro, com Pretinho básico, no Sesi de Taguatinga). No domingo, fazem o caminho de volta e se apresentam para os brasilienses. Eles já têm espaço garantido nas salas de espetáculo da cidade até o fim do ano.
Repertório
Sétima produção do grupo, Não durma de conchinha é uma reunião de sete cenas curtas sobre relacionamentos hetero e homoafetivos, romances que dão certo, amores que caminham para o fracasso. O espetáculo debate temas como insegurança e dominação. No segundo semestre, passará por Manaus (AM) e Uberlândia (MG). De olho no mercado brasiliense, eles preparam um novo espetáculo, focado em um triângulo amoroso com diferenças radicais no padrão alimentar: um dos vértices do triângulo é viciado em fast food e outro, vegetariano. O texto será finalizado nas próximas semanas e deve estrear entre
agosto e setembro.