postado em 19/06/2011 18:31
Desde 23 de março, quando o álbum Born this way chegou oficialmente às lojas, o mundo pop tem certeza de que Lady Gaga resolveu dar uma guinada na carreira. A cantora apresenta no novo trabalho um estilo completamente diferente daquele que a levou ao estrelato com os álbuns The fame e The fame monster. De um pop genérico, sem maiores pretensões, com letras simples, a estrela foi para uma música mais eletrônica, com doses pesadas de house e rock e mensagens engajadas contra o preconceito e a favor da causa gay ; fato confirmado com a apresentação durante uma parada em Roma no último dia 11.A mudança de estilo gera a dúvida se a carreira de Lady Gaga continuará em um viés de alta. Afinal, a artista abandonou aquilo que a alavancou: o pop básico. A única coisa que continua igual é o jeito peculiar de se vestir, carregado de looks malucos e maquiagens exageradas. Os números indicam que ela vai muito bem na nova fase: em uma semana, o disco vendeu 1,1 milhão de cópias, ocupando a lista dos mais vendidos da Billboard.
Mesmo que os números apontem um sucesso de vendas, é preciso ir além e analisar esse novo momento da cantora sob um ponto de vista artístico. A filósofa Marcia Tiburi declarou no livro Filosofia pop que a artista é realmente diferente dos colegas. ;A obra da jovem Lady Gaga não é descartável como a maioria das mercadorias da indústria cultural. Ela é uma performer que agrega diversas formas artísticas.;
Phelipe Cruz ; responsável pelo blog Papel pop ; pensa diferente. Para ele, Gaga ainda não mostrou algo artisticamente inovador, mas o sucesso de vendas é consequência da pouca idade dos fãs. ;Esse discurso engajado é algo que Cher e Liza Minelli já fizeram, mas o público de 16, 17, 18 anos desconhece essas referências, aí pensa que é novo.;
O DJ e produtor de eventos Fernando Cunha enxerga que Lady Gaga atravessa um momento de transição na carreira. ;Eu entendo que ela pode elevar a música pop, sair um pouco dessa coisa só de balada. Mas ela está no meio do caminho entre a cantora performática e a artista compositora, o que a Madonna não conseguiu ser. Se ela chegar lá, será a diferenciação;, opina.
Admiradores divididos
Não são só especialistas que se dividem sobre o futuro de Gaga. Os próprios fãs da cantora não sabem o que esperar. O estudante Danillo Costa, 20 anos, diz estar apaixonado por Born this way e que o CD marca uma evolução na carreira da cantora. ;Os primeiros álbuns foram muito comerciais e nesse ela mostrou o lado artista, conceitual. Pode não agradar a todo mundo, mas é melhor musicalmente.;
Já o publicitário e também fã Pedro Sotero, 24 anos, ficou um pouco decepcionado com o resultado no novo álbum. ;Eu identifiquei essa nova fase como uma crise de identidade. Ela passou a se posicionar a respeito de várias questões e abandonou os temas leves e simples das músicas.; No entanto, ele avalia que essa é uma forma interessante de tentar dialogar com os admiradores.
A identificação com os gays é uma boa aposta da cantora, sobretudo do ponto de vista comercial. Essa é a avaliação do fã Thiago Fernando, 23 anos. ;É esse público que faz as divas se manterem como tais no cenário pop;, argumenta.
The fame (2008)
; O primeiro CD da cantora é influenciado pelo pop clássico: fama e dinheiro são os temas abordados. Principais hits: Just dance, Paparazzi e Poker face.
The fame monster (2009)
; É o trabalho que consagrou Gaga. Foi com esse EP que a cantora chegou de vez ao topo do pop. Principais hits: Bad romance, Alejandro e Telephone.
Born this way (2011)
; O novo álbum mostrou uma Gaga diferente, apostando em letras cheias de mensagens politizadas. Principais hits: Born this way, Judas e The edge of glory.