Diversão e Arte

Cinéfilos de Brasília reclamam do descaso com obras não comerciais

Ricardo Daehn
postado em 21/06/2011 09:13
Selmo Norte (E), ao lado de Lucas Lobo: Há três semanas, com o encerramento das atividades do Grupo Estação na gerência da programação das oito salas de cinema do CasaPark, uma situação já periclitante para os cinéfilos se tornou, de fato, crítica: agora, não existem, na cidade, salas que proponham sistemática exibição dos filmes alternativos (fora dos padrões estritamente comerciais). Nesse período, mais do que nunca fez sentido a frase lida pelo antropólogo Selmo Norte, 50 anos, numa corrente do Facebook: ;Queremos cinema em Brasília;.

O momento presente, diante da precariedade cultural, na visão dele, tem paralelo com os anos 1980, época em que chegou a Brasília. ;Estamos pior do que na minha cidade natal de interior. Ao menos, ocasionalmente, por lá, via Ingmar Bergman e Michelangelo Antonioni. Já em Brasília, houve um tempo em que se tinha um programador interessado, o José Damata, que abastecia com bons filmes o Cine Brasília e a sala da Cultura Inglesa;, relembra o antropólogo.

Ciente da existência de uma parcela de cinéfilos ;exigentes e críticos;, Selmo Norte exerceu esse predicado, diante da carência de filmes mais interessantes: direcionou um e-mail, sugerindo expansão de títulos diferenciados, para os mantenedores das salas do Liberty Mall, reduto de algumas iniciativas, quando o assunto é o filão dos ditos filmes de arte. ;Frequentar sempre as mostras do CCBB ou vir ao Liberty são paliativos, não se trata de solução;, diz, depois de acompanhar, no pequeno shopping, seis filmes franceses do recente Festival Varilux (originalmente programado para o complexo do CasaPark).

É do atento espectador que parte um refrão que habita as mentes dos cinéfilos locais: ;O GDF tem sido muito negligente com o setor, e a Secretaria de Cultura poderia tratar de forma mais eficaz o assunto;.

Integrante da Subsecretaria de Cinema e Vídeo e ex-diretor do segmento, Sérgio Fidalgo reforça a conjuntura de indefinição na programação da privilegiada sala do Cine Brasília (administrado pelo GDF), passado o tradicional Festival de Cinema, marcado para o fim de setembro. ;Esperamos pela reformulação do organograma da secretaria, mas, por enquanto, é sabido que o setor de audiovisual será desmembrado em três frentes: Polo de Cinema, Festival de Brasília e Cine Brasília (tratado à parte). Tudo virá depois da tão almejada reforma estrutural, que já está em processo de licitação;, explica. A expectativa é de que, até março de 2012, novos parâmetros de programação entrem em vigor.

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