Diversão e Arte

Ronaldo Ferreira usa batik para retratar elementos negros de sua arte

postado em 21/06/2011 09:18
; Maíra de Deus Brito

A África é a fonte de inspiração para o artista plástico baiano Ronaldo Ferreira e o batik a sua técnica para retratar peixes, elementos da cultura afroameríndia e símbolos e deuses do candomblé. Oriundo do javanês ambatik, que significa escrever à mão em forma de desenho, o método (criado na ilha Java e disseminado no Oriente para as culturas chinesas, indianas e africanas) colore tecidos com cera quente e chama a atenção pelas imagens craqueladas, resultado final do processo. As pinturas ;rachadas; ganharam, pelas mãos de Ronaldo, faces vivas e misteriosas, que poderão ser vistas até o dia 30, na exposição Máscaras africanas, no Espaço Cultural Ary Barroso (Sesc 504 Sul).

;As máscaras têm um sentido antropológico muito importante e são uma referência aos ritos de passagem em comunidades tradicionais africanas e indígenas. Elas também possuem uma beleza artística e estética única. Muitos artistas modernos, como Picasso, foram beber na fonte da arte africana. Ela sempre será inspiradora;, diz o pintor, que também remete seus trabalhos à questão da ancestralidade. ;Em função da modernidade do nosso dia a dia, da revolução tecnológica, acho importante resgatá-la;.

Ronaldo Ferreira exibe trabalhos que estão expostos no Espaço Cultural Ary Barroso, do Sesc 504 SulProfessor de história, com especialização em turismo, Ronaldo se dedica às artes plásticas desde 1979, quando ainda morava em Salvador. Lá, ele conheceu o tapeceiro e museólogo Antônio Luiz Figueiredo, com quem aprendeu a arte do batik. ;Foi amor à primeira vista. Já tinha tentado outras técnicas, mas o batik me conquistou. E a identificação não foi só com a forma e com o efeito, mas também por englobar a questão africana, por eu ser baiano e por ter participado por muito tempo de um grupo de danças folclóricas em Salvador. Existe uma grande referência cultural e histórica na minha produção;.

Além das máscaras, o público terá a chance de ver outras obras de Ronaldo. Dez estamparias com figuras rupestres completam a mostra e revelam outras temáticas abordadas pelo pintor, que também trabalha com figuras em totens e artigos utilitários, como almofadas e objetos de cama e mesa.

No exterior
Radicado na capital federal desde 1996, Ronaldo já viu suas obras passarem por várias cidades do país e no exterior. Lá fora, ele participou de mostras coletivas no Teatro da Trindad (Lisboa), na Semana da Bahia (Nova York) e na Casa do Brasil (Madri). Individualmente, expôs Deuses africanos, em Las Palmas de Gran Canária (ilha espanhola) e Afrobatik, em Buenos Aires.

;Em todos os países em que visitei, sempre senti uma forte receptividade do público. Um artista brasileiro fazendo referência à cultura africana desperta a curiosidade de europeus e americanos, que estão sedentos por novidades. Nossa arte precisa sair daqui e visitar outros lugares;, comenta o artista, sobre o olhar estrangeiro em relação às produções nacionais.

Máscaras africanas
Até 30 de junho, de segunda a sexta, das 8h às 21h, no Espaço Cultural Ary Barroso (Sesc 504 Sul, Bl. A; 3217-9101). Entrada franca. Classificação indicativa livre.

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