Nahima Maciel
postado em 21/06/2011 09:29
Toy art não é exatamente o brinquedo anunciado no nome do objeto, mas há algo de infantil no universo de artistas e referências que alimentam a prática. Coloridos, irônicos, às vezes violentos e sempre engraçados, os toys art viraram uma febre na mão de colecionadores ligados em grafite e cultura pop. E o fenômeno existe há quase uma década, mas somente agora começa a fincar raízes no Brasil e a dupla Sérgio Mancini e Igor Ventura, do Redmutuca Studios, são um pouco responsáveis. Este ano, Mancini foi o artista premiado no Munnyworld Megacontest, um dos maiores concursos de Toy Art do mundo. A competição é realizada todos os anos pela fabricante Kidrobot e consiste na escolha de 20 artistas incubidos de customizar o Dunny, um coelhinho de plástico com seis centímetros de altura considerado a estrela da Toy Art. ;É o Oscar da Toy Art;, garante Mancini. O artista de 41 anos ouviu falar nesses brinquedos customizados pela primeira vez em 2007. ;Vi um boneco em uma loja e comecei a pesquisar e colecionar. Aí percebi que muita gente comprava e tirava a tinta para pintar por cima;, conta o paulistano, que passou a imprimir nos brinquedos os próprios traços. Mancini gosta de criar personagens com estilo limpo e conceitos subentendidos. ;Mesmo que sejam amalucados, eles sempre têm algum sentimento a expressar, como raiva, depressão, ingenuidade.;
A moda dos Toys Art começou em Hong Kong e se espalhou pelo mundo. Normalmente, os objetos consistem em pequeninos bonecos de vários formatos e expressões produzidos em série e geralmente desenhados por artistas gráficos. Esse é o padrão, mas no Brasil, onde é difícil ter acesso aos lançamentos, a criatividade expande a prática para outros brinquedos. Na falta do tradicional, Mancini aponta carrinhos, skates e outros objetos como ideais para a Toy Art. O importante é encarar a superfície como uma tela de pintura. ;O grande barato é você ver uma criação livre sua numa peça em 3D. É diferente de você desenhar um toy pra crianças, por exemplo, onde você tem que seguir certas regras e padrões de mercado para que este possa vender. No toy você faz o que bem entender, com as cores e grafismos que quiser.;
Como os brasileiros não têm acesso fácil ao material do Toy Art, Igor Ventura, 31, aponta outras superfícies muito comuns por aqui, como tecido, resina e papel. ;Toy Art é um brinquedo para adultos e colecionadores, então tem um traço mais violento, urbano, tem uma crítica, um conceito.; Ventura, sócio de Mancini na Redmutuca, também foi selecionado no Munnyworld Megacontest de 2010 e ficou em terceiro lugar. ;É a primeira vez que brasileiros ganham esse prêmio;, explica. ;E os processos de produção de Toy Art no Brasil são um pouco mais difíceis que nos Estados Unidos ou na China.;