Diversão e Arte

Affonso Romano de Sant'Anna lança nesta quarta livro de crônicas e ensaios

Nahima Maciel
postado em 29/06/2011 09:47

Affonso Romano de Sant;Anna é daqueles que não querem ver o Titanic afundar. Ao contrário dos que ficam sentados no convés, o escritor prefere mandar mensagens desesperadas para o comandante e avisar sobre o iceberg, mesmo que seja inútil. O mineiro de 74 anos gosta da metáfora do Titanic para explicar por que é um ser otimista. Vale também como justificativa para Ler o mundo, reunião de crônicas e ensaios sobre as práticas da escrita e da leitura publicadas em jornais brasileiros, inclusive no Correio Braziliense, entre 1992 e 2008. O autor desembarca hoje em Brasília para lançar o livro na Biblioteca Demonstrativa.

Muitos dos textos têm quase 20 anos, mas parecem tão atuais que o próprio autor se surpreende. Curiosamente, Romano discute problemas que persistem e, como em uma premonição, avisa das possíveis consequências. Do Mercosul, por exemplo, ele repara o vazio cultural da proposta e alfineta as dificuldades econômicas do plano. Na época, 1995, ele repara na imobilidade nos pátios das exportadoras argentinas e brasileiras. O texto poderia valer para desentendimentos recentes entre Brasil e Argentina no que diz respeito a regras comerciais. ;O Mercosul foi praticamente abandonado. Nunca aconteceu culturalmente. Na economia aconteceu alguma coisa, pouca, mas aconteceu. Mas do ponto de vista cultural é pífio. Isso teria que ser agilizado.;

Alguns textos mais antigos também revelam certa ingenuidade de um Sant;Anna sonhador. Depois de conhecer um canal franco-alemão durante uma viagem à Europa, ele propõe a Roberto Marinho fazer uma televisão bilíngue em português e espanhol. O mesmo Sant;Anna sonhador é também um otimista e propõe a poesia como instrumento de desenvolvimento de um país que cresce. ;De nada adiantará termos algum dia a inflação zero se não tivermos poesia;, escreve, em 1992.

O tema que permeia todos os textos é a leitura, mas com ela os escritos conseguem alcançar todos os assuntos relativos ao desenvolvimento social. ;Olhando as coisas que eu tinha escrito, notei que a questão do livro e da leitura era uma obsessão. E ainda é;, avisa. Sant;Anna presidiu a Biblioteca Nacional (BN) entre 1990 e 1996 e trouxe de lá a tal obsessão. É tão persistente que há duas décadas apresenta um mesmo projeto aos governos que entram e saem do Palácio do Planalto: quer transformar em sete o número de exemplares que as editoras brasileiras doam à BN. A ideia é distribuir os livros pelos outros seis estados da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP) e criar um imaginário brasileiro para defender a identidade nacional. ;O projeto está lá, nas mesas da Dilma e da ministra da Cultura;, esclarece. Abaixo, o autor fala sobre bibliotecas, livro e leitura no século 21.

Serviço

Lançamento do livro Ler o mundo, de Affonso Romano de Sant;Anna. Global, 248 páginas. Preço: R$ 39. Lançamento nesta quarta-feira (29/6), às 19h30, na Biblioteca Demonstrativa de Brasília (W3 Sul, EQ 506/507).

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