postado em 30/06/2011 12:00
Carlos Bracher interpretou Oscar Niemeyer e transformou em formas e cores o sonho do arquiteto. Eterno apaixonado por Brasília, o artista mineiro lembrou que um dia ouviu do arquiteto um relato de infância muito poético. Quando menino, Niemeyer gostava de observar as nuvens e imaginar formas conhecidas para cada pedacinho branco. Pois Bracher pegou as nuvens e conferiu a elas formas da arquitetura da capital no enorme painel inaugurado ontem e aberto a visitação pública a partir de hoje no novo prédio da Fundação Universa, na L2 Norte. Há uma semana o pintor se debruça sobre os cinco metros de comprimento da parede destinada ao painel intitulado Inscrito nas nuvens. Gastou toneladas de ;tinta da alma; para conceber uma homenagem a duas figuras que considera ícones de sua juventude. Em primeiro plano ele coloca Juscelino Kubitschek. ;Nasci nos anos 1940 e essa cidade corresponde ao momento central da minha existência. Juscelino sempre me encantou muito como um grande firmamento humano. Era um homem do conceber e do fazer;, resume. ;E o Niemeyer é uma parada fantástica. Não fosse JK, não existiria Niemeyer. Foi JK quem bancou essa extensão do talento de Niemeyer.;
Tintas e telas
O painel da Fundação Universa é síntese de uma obra que Bracher desenvolve há anos. Pintar Brasília é quase uma rotina necessária na vida do artista. Em 2008, ele desembarcou na capital com a mulher, Fani, e uma boa reserva de tintas e telas em branco. Fincou o cavalete na frente do Congresso e fez dançar o pincel durante semanas para produzir 66 telas inspiradas nos cartões postais da cidade.
Com o painel inaugurado ontem, o artista voltou ao tema dos monumentos. Em primeiro plano colocou um anjo de Alfredo Ceschiatti, o mesmo que pende do teto da Catedral, anunciando segredos para Niemeyer. Das nuvens surgem as formas do Congresso, do Itamaraty e dos arcos do Palácio da Alvorada, do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Memorial JK. Os Candangos e os Evangelistas acompanham tudo atentamente.
Além do painel, Bracher expõe aquarelas feitas para Ouro Preto, cidade onde mora e pela qual é fascinado. Os trabalhos são os originais do livro Ouro Preto ; Olhar poético, um ensaio sobre a história e a cultura da terra da inconfidência. ;É fruto de meu amor por Ouro Preto e trata da questão histórica, das profundezas dos grandes personagens da cidade, dos poetas;, avisa o artista. ;É uma visão muito pessoal daquele momento que foi tão importante.; Com Bracher, a Fundação Universa inaugura também o Espaço Cultural, galeria destinada a exposições de artistas da cidade.
Inscrito nas nuvens
Painel e exposição de aquarelas de Carlos Bracher. Visitação até 10 de setembro, de segunda a sábado, das 14h às 21h, no Espaço Cultural Fundação Universa (SGAN 609, Módulo A, L2 Norte).