Diversão e Arte

Bruno Mazzeo aposta no filme Cilada.com que entra em cartaz nesta sexta

Ricardo Daehn
postado em 05/07/2011 08:20
São Paulo ; Numa leva de filmes com a cara das férias e com especial apelo para o público masculino ; se levada em conta a expressividade de fitas como Carros 2 e Transformers: o lado oculto da lua ;, um título nacional, Cilada.com, reforça a lista a partir da próxima sexta-feira, mas num tom despido de ingenuidade. Entram piadas escrachadas, situações apimentadas e discussão pública de relação amorosa. ;A arma é o bom riso da comédia brasileira. Estamos prontos para brigar: esse espaço foi conquistado e ninguém tira;, avalia o diretor José Alvarenga Jr. Na expectativa, ele apostou em mais uma peça que reafirma a intimidade com um ;blockbuster nacional;.

Bruno Mazzeo e Fernanda Paes Leme em cena do filme: ela, namorada traída, manda para a internet cenas comprometedoras do casal na camaMais de 400 cópias da comédia gerida pela tevê balizam os esforços de três distribuidoras (Downtown Filmes, Paris e Rio Filme), na certeza de um sucesso programado. ;A gente tem certeza da sequência: só falta uma história;, diverte-se Bruno Mazzeo, o protagonista do filme (e do seriado que o antecedeu). No fim do longa, chega o recado: ;Em breve, novas ciladas;. ;O seriado é uma espécie de Chaves do Multishow: está sempre em reprise;, diz o ator, ao enterrar de vez a possibilidade de nova temporada na tevê. ;Quisemos mostrar a quebra das quatro paredes de casa que expõe tudo para o mundo.;

Se, de frente para a leva de jornalistas, Mazzeo deixou escapar um ;tô me sentindo numa CPI;, quem quebrou, de cara, a sisudez da entrevista coletiva com o elenco, em São Paulo, foi Serjão Loroza, explicando o receio inicial da nudez traseira à qual foi submetido na trama. ;Sou tímido pra caramba. Essa gordura toda é pra me defender;. Outra que, ressabiada, ficou na defensiva foi a atriz Carol Castro, intérprete de uma quase pretendente do personagem Bruno (papel de Bruno Mazzeo). ;Não tenho nada a ver com a Mônica;, brincou, ao se referir à personagem que estonteia Bruno com o mau hálito.

Sem estar aprisionado no alcance de temas reservados apenas ao clube do bolinha, a intenção, em Cilada.com, é ampliar a comunicação, com salpicadas de situações românticas. Encabeçado justamente por um publicitário, Bruno, o filme se desenvolve a partir de desconcertante antipropaganda: depois de firmar a pecha de garanhão com uma quase desconhecida, Bruno vai cair nas graças (e na incontida diversão) dos internautas, pelo esfacelamento completo da fama embutida no desempenho sexual dele.

Enciumada, a namorada traída, Fernanda (Fernanda Paes Leme), é quem propicia o constrangimento, de latente repercussão mundial, para Bruno. De posse de imagens de limitados momentos de intimidade com o traidor, ela expõe no ;intube; as tais cenas que comprovam o pífio desempenho do inesperado desafeto. A trama investe no avesso da satisfação das vivências compartilhadas, via internet, e numa evidência instantânea que em nada acrescenta de positivo.

Independente
Ao lado da roteirista Rosana Ferrão, com quem dividiu a feitura do seriado que se estendeu por 53 episódios (exibidos ao longo de cinco anos), o ator Bruno Mazzeo explicou o intuito de apostar em um produto independente da atração televisiva, encerrada há dois anos. Vale reforçar que as mudanças pretendidas não desmerecem o seriado que teve origem no canal Multishow e depois foi incorporado à grade da TV Globo (em quadro do Fantástico), além de ter feito parte do Festival de Budapeste, pelos acentuados artifícios inovadores de linguagem humorística.

Numa linha oposta da apresentada na tevê, o longa acolhe uma penca de atores famosos espalhados pelas desastrosas circunstâncias que, sistematicamente, cercam o protagonista. No filme, há participações que vão de Dani Calabresa a Fabiula Nascimento, passando por Fulvio Stefanini e pela dupla Thelmo Fernandes e Augusto Madeira, respectivamente, os amigos de Bruno, Gerson e Sandro.

Com orçamento de R$ 5,5 milhões, o filme dirigido José Alvarenga Jr. (do bem-sucedido Divã) calibra uma verve de Mazzeo, que, confortavelmente, se coloca como precursor do boom da stand-up comedy brasileira. ;O seriado foi uma fonte de inspiração para ampliar o conteúdo. Colocamos uma carga emocional diferente da proposta na tevê;, referenda Alvarenga Jr. ;Bruno quis sair de uma zona de conforto. O personagem começa o filme de modo muito sacana, mas se permite uma redenção;, argumenta o diretor.

O grau de confiança se estende para Mazzeo, que, a exemplo do que fez em Muita calma nessa hora, decidiu coproduzir o filme. ;Vai ficando quem sobrevive à selva (do humor);, conclui o ator. O sólido casamento entre Mazzeo e a comédia ainda vai desembocar em outro produto em cinema, com a confirmação de que E aí, comeu? (a adaptação do texto de Marcelo Rubens Paiva) deve estrear em 2012, com Emilio Orciollo Netto e Marcos Palmeira reforçando o elenco.

O repórter viajou a convite da produção do filme

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