Enviada Especial
postado em 09/07/2011 18:21
Paulínia ; O primeiro dia de mostra competitiva do 4; Festival de Cinema de Paulínia nesta sexta (8/7) à noite foi também o mais concorrido da história do festival. O clima paz e amor que permeava a temática do documentário A longa viagem, de Lúcia Murat foi substituído pela irritação. No intervalo entre as duas mostras competitivas (na competição paulista documentário e ficção concorrem separadamente), foi requisitado que o público abandonasse a sala de projeção do teatro para que a plateia fosse renovada. Muitos se recusaram a abandonar as poltronas. ;Nós estamos aqui desde às 16h30. Não é justo que a gente saia agora;, alegou um grupo. ;Se tivesse distribuição de ingressos nada disso teria acontecido;, sugeriu outro espectador.O início da sessão só foi possível depois que os organizadores abandonaram a ideia de esvaziar a sala e com promessa de que o filme seria projetado sucessivamente na mesma noite. ;A situação é atípica. É o maior público que tivemos na história do festival. Nós vamos realizar quantas projeções forem necessárias;, avisou o secretário de cultura do município, Emerson Alves. Do lado de fora, muitos reclamavam. Sem cobrança de ingressos ou distribuição de senhas, o público é obrigado a esperar em fila por ordem de chegada formada na frente do Theatro Municipal de Paulínia.
Retrato íntimo
Na primeira sessão do dia, o documentário A longa viagem, de Lúcia Murat (Brava gente brasileira) a contracultura norte-americana, os anos de ditadura brasileira e a história de uma família de classe média do Rio de Janeiro se entrelaçam na trajetória da cineasta de seus dois irmãos: Miguel e Heitor Murat. O retrato de família tradicional e católica, com filhos educados no colégio Santo Inácio é balançada com a chegada dos ventos de renovação dos anos 1960. Muito além de uma folheada num velho álbum de fotos de família , a cineasta mistura referências à nouvelle vague francesa (referência A chinesa, de Jean-Luc Godard
A narrativa em primeira pessoa da documentarista junta-se aos depoimentos atuais do irmão Heitor (um escritor compulsivo de cartas endereçadas à família no Brasil) e a encenação da escritura dessas correspondências pelo ator Caio Blat. As viagens do irmão impulsionadas pelo uso de toda e qualquer substância em moda na época: haxixe, mescalina, chá de cogumelos e a prisão da irmã nos porões da ditadura traçam o panorama de uma época de contestação e os impactos profundos sentidos por uma família de classe média do Rio de Janeiro. ;Estou estreando como ator de documentários. Foi uma honra ter conhecido a história da Lúcia e do Heitor;, elogiou o ator. ;Está é uma história sobre perda;, avisou a documentarista com a voz embargada no palco do teatro.
A tristeza do palhaço
O ator Selton Mello se revestiu de candura para dirigir a história de um palhaço de trupe de circo em crise existencial. Na direção do segundo longa da carreira, Mello propõe um exercício de singeleza em parceria em cena com o veterano ator Paulo José.;Espero que uma coceirinha de meninice se espalhe pela plateia hoje;, desejou o diretor no início da sessão. Para muitos, o aumento exponencial do público de Paulínia deveu-se a popularidade do ator. ;O festival cresceu muito. Estou assustado também;, confessou Mello. Enquanto Paulo José reiterou uma antiga tese criada por ele sobre a cinematografia brasileira: ;Nós fazemos o melhor cinema brasileiro do mundo;.
A repórter viajou a convite da organização