postado em 14/07/2011 10:51
Tal como o herói criado por J.K. Rowling, os fãs de Harry Potter enfrentam um certo sentimento de orfandade. Não há passe de mágica capaz de oferecer consolo a quem seguiu com fidelidade as reinações do bruxo %u2014 nos casos mais sérios, há quem o persiga desde 1997, ano de lançamento do primeiro livro da série. %u201CNo fim do filme, entre os aplausos, a melancolia é inevitável. De acordo com muitos fãs, o filme marca o fim de uma era%u201D, resumiu a repórter Jemina Owen, do jornal The Guardian %u2014 ela própria, uma fã perseverante do personagem.
Para os ingleses, a estreia do longa Harry Potter e as relíquias da morte %u2014Parte 2 ganhou o peso de um feriado nacional. Mas o fenômeno, ainda que com sotaque britânico, tornou-se mundial. Como todas as vezes em que um filme vai estrear, os integrantes do fã-clube brasiliense Mapa do Maroto agendaram uma reunião no Parque da Cidade. No domingo passado, constou do planejamento da %u201Ccerimônia%u201D a leitura em voz alta do capítulo final da saga com as últimas frases do livro ditas em voz alta por todos os presentes. No total, são 120 associados.
No encontro, as expectativas por um filme apoteótico se misturaram a uma certa tristeza. %u201CAo mesmo tempo que estou ansioso para ver o último filme, me dá uma angústia em pensar que não vai ter mais nenhum livro ou filme para esperar%u201D, admite o presidente da agremiação, Marcos Barbosa, 18 anos. O desfecho da franquia, por sinal, já estremece o fã-clube local. %u201CO nosso %u2018patrocínio%u2019 vai acabar em breve. Como vai ser daqui para frente?%u201D, questiona Marcos, admirador da série por mais da metade da vida.
Saudade à parte, o entusiasmo dos fãs com a criação literária parece inesgotável. %u201CAssim como os Beatles deixaram todo mundo com vontade de ser músico, J.K. Rowling ensinou uma geração a ler e a ter o desejo de ser escritora%u201D, comparou o estudante Henrique Raynal, 18 anos. Para a também estudante Camila Batista, a identificação com o personagem chegou a marcar a festa de aniversário de 15 anos, comemorado no ano passado. Ela aproveitou a viagem que faria a Orlando, na Fórida, e conheceu o parque temático de Harry Potter, inaugurado no ano passado. %u201CMeu aniversário é em janeiro, mas marquei a viagem para julho, só para não perder a inauguração.%u201D
Na tela do cinema, os %u201Cpottermaníacos%u201D esperam encontrar uma conclusão tão emocionante quanto a que Rowling criou no papel. Para eles, As relíquias da morte é lembrado como um episódio que não poupa os leitores mais sensíveis. %u201CReli o último livro esses dias e confesso que chorei várias vezes%u201D, afirmou Camila. O sentimento é o mesmo para Márcia Thiara, 21 anos, também presidente do fã-clube. O comoção da menina causa transtornos em casa há muito tempo. %u201CFui expulsa da sala de aula várias vezes por estar lendo livros do Harry. Tive que buscá-los de volta na sala dos orientadores%u201D, lembra.
Segundo ela, as lições de matemática, português, química ou geografia não são nada perto do que se pode aprender com Potter. %u201CEu aprendi tantas lições sobre a vida. Sobre errar e se levantar, sobre a importância dos amigos. Vou levar sempre comigo os ensinamentos de Dumbledore%u201D, confessa. %u201CNo último filme eu devo ter molhado umas cinco camisetas de amigos com as minhas lágrimas. Nos últimos dias eu tenho chorado toda vez que vejo o trailer do filme na televisão. Minha família não aguenta mais%u201D, admitiu Thiara.