A fusão que os Raimundos faziam no começo da carreira, na década de 1990, misturando ritmos nordestinos com o hardcore levou muita gente a identificar o som da banda candanga como forrócore. O resultado disso eram músicas com letras que, quase sempre, traziam uma certa dose de erotismo, como o uso de palavrões. Tempos de Celim, Eu quero ver o oco, Esporrei na manivela e Puteiro em João Pessoa.
Muita coisa mudou na vida dos Raimundos, a partir da saída do vocalista Rodolfo (hoje pastor evangélico) e do baterista Fred (atualmente dedicado ao ramo da gastronomia). Houve um período ; no começo dos anos 2000 ; que, em razão da diminuição do número de shows, e da ausência na mídia, algumas pessoas passaram a acreditar no fim da banda.
Em parte, os boatos nesse sentido tinham a ver com a permanência do guitarrista Digão em Brasília, desenvolvendo projetos solos em casas noturnas e dividindo o palco com outros artistas. ;Não houve nenhum hiato. Os Raimundos não pararam de tocar em tempo algum, apesar da torcida de alguns para que isso ocorresse;, afirma o músico, que agora acumula a função de vocalista.
Mudanças
Desde 2007, os Raimundos vivem uma nova fase, que coincide com o retorno do baixista Canisso (outro que havia deixado o grupo), juntando-se novamente a Digão e aos novos companheiros, o guitarrista Marquim (ex-Peter Perfeito) e o baterista Caio (ex-Deceivers e Sapatos Bicolores). As mudanças, possivelmente, podem ser sentidas na sonoridade proposta, pois em termos de atitude, tudo mantém-se inalterado.
Com o CD e o DVD Roda Viva, gravados em 18 de dezembro do ano passado, no Kazebre Rock Bar, na periferia de São Paulo, os Raimundos buscam voltar ao patamar mais alto do rock nacional, quando chegaram em 1999, com o álbum Só no forevis, que obteve a espetacular vendagem de 850 mil cópias, impulsionada pelo megahit Mulher de fases, ouvida nas ondas do rádio, nas pistas de boate e em shows assistidos por multidões.
Assista ao clipe da música Jaws
Roda viva, como qual os Raimundos comemoram 20 anos de estrada, será lançado em Brasília na próxima sexta-feira, em show que integra a programação do Porão do Rock. ;Este trabalho foi elaborado ao longo dos últimos quatro anos, após a volta do Canisso. Passamos a ter uma agenda maior de shows, com apresentações em todas as regiões do país. Isso nos possibilitou azeitar a banda, na medida em que íamos nos entrosando;, conta Digão.
Grandes plateias
Mesmo à margem da mídia, os shows ; em média, 60 por ano ; sempre foram assistidos por plateias expressivas. ;Ao assumir a parte administrativa da banda, passei a cuidar da divulgação, usando a rede social, Orkut, MySpace, Twitter, e nosso site oficial. Inicialmente, viajávamos só com um técnico de som, mas logo depois passamos a levar roadie, produtor e tal, formando uma equipe de 12 pessoas;, revela o vocalista.
O produtor que acompanha o grupo desde 2008 é o carioca Denis Porto. Ele assina com Digão a direção-geral do Roda Viva. ;O Denis pode ser visto, hoje, como um novo Raimundo. Além de dividir a direção-geral comigo desse projeto é, também, responsável pela direção artística. No DVD, reunimos 25 canções garimpadas em toda a nossa discografia;, enfatiza.
Há no repertório os grandes hits como Esporrei na manivela, Palhas do coqueiro, Me lambe, Eu quero ver o oco, Mulher de fases e Puteiro em João Pessoa, divididos com as lado B Pompem, Mas vó, Baixo calão e Fique fique, que encabeça a lista. ;Para esse trabalho, compus com o Denis a inédita Jaws, que dá o tom à nova proposta dos Raimundos, que é o rock pauleira;, comemora.